Legitima Defesa:
PRIMEIRA PARTE
O Inesperado:
Vinte e três horas e trinta e cinco minutos. Chovia, parecia que a natureza chorava! Sofia já impaciente olhava o relógio, muito preocupada. Estava na sala com o olhar fixo no portão da garagem esperando seu marido entrar a qualquer momento... Todos os sábados eram assim. Mas este tinha algo que Sofia achava diferente. Há minutos antes seu marido havia ligado dando desculpas, pedindo que ela não se preocupasse. Mais uma vez o telefone tocou, quebrando o silencio da noite. Atenderam no quarto, onde jogavam vídeo-game suas duas filhas com um de seus primos, o filho mais velho de sua irmã Laura, o Amon.
- Mamãe, mamãe! Atende? É pra senhora, é o tio Estevam.
Ela atende. Era o irmão mais novo de seu marido. Não era comum ligarem para ela quando ele, seu esposo, não estava em casa. Lembrou-se que ele havia dito que iria falar com o irmão. Seu cunhado indagou, muito ansioso:
- Sofia, o João esta em casa?
- Não, eu já estou preocupada, porque ele ainda não chegou. Sem que ela terminasse de falar ele interveio:
- Ele anda bebendo? Você sabe dizer?
- Não, ele me disse que anda trabalhando.
- Venha para o hospital! Venha para o hospital!
Seu cunhado, apressado, falava e repetia a mesma coisa como um louco.
Sofia repetia a pergunta dele.
- Para o hospital?! Para o hospital?!
O choque passado por ela é análogo àquele que sentimos ao levar uma pancada e o cérebro só consegue distribuir a dor e não sabe onde está doendo. Enfim ela pergunta o que houve, demonstrando muito medo em sua voz. Seu cunhado diz que não sabe de nada, e acrescenta:
- Venha para a assistência municipal. Desligou.
Sofia levanta-se do sofá com as duas mãos na cabeça como se quisesse ajudar o cérebro a pensar; olhando para cima, como se procurasse Deus, gritando: - João?... O que você estava fazendo? Meu Deus... O João no hospital? Pela voz assustada do irmão, é muito sério o que houve com ele, Sofia concluía...
O pânico se apoderou de Sofia, descontrolando-a totalmente... Ela escuta uns gritos, eram suas filhas e seu sobrinho, trazendo-a à realidade:
- Mamãe? Mamãe? Tia? Tia? O que houve? Sofia baixa a cabeça e ver as três crianças apavoradas. Ela entende que precisa se controlar porque as crianças não vão entender o que está acontecendo, resolve pegá-las em suas mãos e levá-las para o quarto onde poderia acomodá-las melhor para, assim, explicar o que ela acabara de ouvir do seu cunhado, mas antes pediu que rezassem um pai nosso. As crianças, com as mãos dadas, rezaram em círculo... Sofia explica que o pai delas está no hospital, que irá trazê-lo para casa, na tentativa de acalmá-los. A filha mais nova pergunta:
- Mamãe o carro virou?
Sofia responde passando calma e segurança para a filha:
- Não sei. O tio de vocês não sabe o que houve. Ele pediu que eu fosse para o hospital. Vamos ficar calmos. Eu vou saber como ele está e logo vou ligar para vocês.
“Os meninos eram crianças. A mais velha, doze anos; a mais nova, dez anos; e o meu sobrinho, onze anos”
Aquele pai nosso foi como um bálsamo, eles pararam de chorar e cuidaram de me ajudar, ligando para o táxi.
Fomos para a calçada aguardar que o táxi chegasse, sentindo apenas o vento frio batendo em nossos rostos. A rua estava deserta, já passava da zero hora do dia vinte de dezembro de mil novecentos e noventa e sete. Olhavá-mos as casas vizinhas a nossa e para os poucos carros que passavam. Era tudo tão triste, uma sensação de falsa calma, era como a calma da guerra: os entrincheirados que aguardavam o pior.
Sofia sentia uma vontade de fugir... Ela queria ir embora. Sempre fora assim. Detestava hospitais, aniversários, casamentos, funerais, tudo que exigisse formalidades e satisfações - a sociedade formadora ou geradora destes grupos que geralmente são gerenciados por maiorias falsas, superficiais, sem nada de verdadeiro e original, enfim, a liberdade não é padronizada; pensava ela.
Suas filhas e seu sobrinho pareciam múmias enrolados em lençóis, parados, calados e pálidos. Sua tia brigando porque o táxi demorava muito. Até que um carro pára, era o táxi que haviam pedido. Sofia entra no carro dando a mão para eles como se pedisse calma.Eles ficaram olhando o carro sair até dobrar a esquina. O motorista pergunta qual seria o destino. Ela, com certeza, não estava certa para onde iria, pois qual das Assistências Municipais? Eram muitas na cidade, seu cunhado não disse qual era, e além do mais o dinheiro que Sofia tinha era pouco, todas eram muito distantes de onde Sofia se encontrava, o motorista insiste:
- Para onde senhora? Sofia pede que ele pare. Ela tenta rearranjar as ideias, lembra-se de uma irmã de seu marido, que mora mais próximo do que qualquer uma das Assistências. “É melhor ir para a casa dela”, pensou, e assim falou para o motorista que já se encontrava impaciente.
Seguia o motorista pelo percurso ensinado por Sofia, aquelas ruas pareciam um túnel do tempo, fazendo com que ela revivesse em sua mente os últimos trinta anos vividos – como se o seu cérebro quisesse resgatar os seus erros, estando ele deitado no divã de um psiquiatra a procura de si mesmo, encontrando-se e reconhecendo a sua insignificância; comprovando que só os sábios não andam contra a correnteza dos rios.
Sua Infância:
O carro deslizava no asfalto e ela nas suas lembranças se refugiava, tentando suavizar a sua dor no reflexo revelador das águas de um monólogo.
Até completar quinze anos, eu vivia no paraíso. Nasci num sitio distante, a seis quilômetros do centro de uma cidadezinha. Primeira filha de um casal pobre, simples e dignos. Desta união nasceram mais quatro filhos, duas meninas e os gêmeos. Um dos gêmeos morreu.
Morávamos numa casa grande, limpa, com alpendre, arrumada: cadeiras de vime na sala, piso de cimento encerado, quartos grande, camas e cortinas, guarda-roupas embutidos sem porta e tapetes confeccionados pela minha mãe ao pé da cama. Crista leiras na sala de jantar social que minha mãe só usava para visitas. Na sala de jantar da diária um filtro, quartinhas e mesa. Na cozinha social um fogão a gás butano e pia. Na cozinha da diária um enorme fogão a lenha, pilão de pedra, prensa de fazer queijo e banquinhos de madeira. Um banheiro com sanitário branco dentro de casa e outro fora no terreiro.
Minha mãe era uma pessoa muito esclarecida; sabia ler escrever muito bem. Meu pai era analfabeto. Minha mãe nos ensinou as primeiras letras inclusive meu pai aprendeu a ler e escrever com as lições dela. Minha tia a irmã mais velha de minha mãe, que não casou-se, ficando assim morando conosco desde quando nasci, muito tempo, já, não sou tão jovem, hoje em mil novecentos e noventa e sete, ela, minha tia mora comigo desde mil novecentos e cinqüenta e dois e ela nasceu em 1914, é tempo! Todos os dias lia para mim um livro muito volumoso com letras grandes e amarelas na capa dura escrito “NOVA SELETA” e também a Bíblia.
As arvores, os animais e os pássaros eram nossos companheiros preferidos. O riacho que passava por detrás da casa, os pés de algodão, milho, a oiticica. Foi nesta oiticica que passei minha infância. Lá era o meu playground: balanços altos, balanços baixos, o espalha brasa e o avião. Naquele avião eu viajava para todos os locais, aqueles lugares que eu sonhava que existia. O mundo não se resumia só ali. Eu ficava triste quando pensava que o mundo era muito grande: se fosse só aqui o mundo?! Eu sou tão feliz! Mas que nada, de algum lugar eu vim e foi para alguma coisa fazer, e ser. Nada é por acaso, isto eu tenho certeza...
Meus primos quando iam nos visitar, falavam das coisas que existiam na cidade grande. Riam de mim quando eu os convidava para conhecer os brinquedos da minha oiticica, dizendo:
- Minha prima, você precisa conhecer um brinquedo de verdade. - Eu pensava: brinquedos de verdade? Certamente sejam objetos feitos pelo homem onde destroem alguma coisa da natureza, provocando retornos irreversíveis, não sabia explicar, sentia algo que repugnava, pois nada poderia ser melhor do que a minha oiticica.
Cresci naquele ambiente, vendo minha mãe cuidar da casa, criando galinhas, capotes, patos, perus. Bordando, fazendo flores e costurando nossas roupas. Meu pai plantando algodão, feijão, mandioca, milho e cuidando da criação de animais: as vacas, as abelhas e as ovelhas. Havia muitas arvores frutífera. Era muita fartura. Pela manhã cedinho eu e meus irmãos ficávamos na porteira do curral aguardando o leite mugido.
Ate meus doze anos, tínhamos o básico, éramos felizes. Falávamos pouco em dinheiro.Passaram pouco a importância dele, ou eu não captei por não sentir falta dele. Só depois que me matricularam naquele colégio é que passei a observar as diferenças sociais. Para mim que tinha apenas doze anos era difícil discerni injustiça social, porem senti na pele que algo estava errado comigo, isto eu sentia, pois, de cara entendi que o dinheiro não é apenas para ser usado nas necessidades e sim as necessidades impõe o limite do preço de cada um. O valor de cada um depende do que tem em dinheiro. Complicou, pois ser só gente não importa muito não. Meu pai não ia poder pagar aquele colégio, procurei mostrar que ia estudar ate o fim. Como? Tirando notas boas, conseguindo uma bolsa, pois, caí na simpatia de uma das feiras que sempre arranjavam uma sala de aula de crianças para eu ajudá-la, assim fui mostrando para mim mesma que eu valia mais do que o dinheiro.
Um dia estava à aula terminando, levantei e olhei pela janela. A freira que estava dando aula, pára e pergunta:
- Sofia, esta olhando se seu pai já chegou no jumento para te buscar? - Observei que todos riram.
A escola é a continuação do lar. É o segundo lar do individuo. No primeiro lar, passaram para mim respeito uns pelos outros, só porque éramos seres humanos, minha mãe nos humanizou fundamentada nos valores morais, cristãos, na ética da cidadania, para sermos cidadãos do futuro teríamos que ser honestos, dignos e trabalhadores. Nunca querer nada de ninguém, só o que ganhássemos com suor do rosto. Se ninguém aprendeu, não é problema dela, pois ela fez a sua parte.
No meu segundo lar, passaram para mim que o respeito era conquistado pelo ter. O ser humano fez confusão em tudo, “confundiu o Garibaldi com o balde do gari”, a “oração com a pomba do frei Damião”, o livre-arbítrio que Deus deu, uma das maiores provas do amor de Deus por nos, com libertinagem e prostituição, enfim, conscientizar que ser e ter não tem nada a ver, é difícil, vamos ter que nascer muitas vezes para ser o que Deus quer que sejamos.
Sofia fugia da realidade. Ela não queria pensar no João, pelo menos ate chegar no hospital.
Lembrei de mais um acontecimento engraçado daqueles tempos de colégio. Voltávamos do recreio quando uma loira arrogante e bonita estava aos gritos pedindo para a freira mandar olhar as mochilas, porque haviam roubado seu material. A freira mandou fazer a fila para revistar as bolsas. Peguei minha bolsa e fui para fila. Quando chegou na minha vez a freira pegou a minha bolsa e encontrou uma parte do material da loira dentro. Fiquei envergonhada, as meninas riam, outras, diziam que iam pedir para me tirar de perto delas. Eu sabia que era inocente, como ia provar? A freira mandou-me para direção. A diretora era uma freira grande e inteligente. Mulherão da fala grossa e muito moralista. Ela disse:
- Não se preocupe, vou colocar um espião secreto e descobrir quem está mentindo. Se você está falando a verdade ela vai brincar com você novamente, colocando o material na sua mochila, se você estiver mentindo, não irá acontecer mais, pois você sabe que ela descobriu, que é você que mexe no material das alunas, então você não irá com certeza mexer em nada, é obvio, vá para a sua sala de aula. Passaram-se uns quinze dias, o ambiente na sala ficou muito hostil, quase insuportável, mas não deixei de assistir minhas aulas, apenas uma menina ficou do meu lado, dando-me total apoio; ela foi amiga mesma. Quando voltávamos do recreio, lá estava a loira arrogante com a mesma conversa. Aconteceu tudo outra vez. No exato momento, a diretora entra e ordena:
- Sentem-se, todas. Você?! - apontando para a loira arrogante e disse: Venha comigo.
A classe toda ficou perplexa, a própria loira pôs seu material na minha bolsa para mim incriminar. Era constante a perseguição dela. Sempre procurava me ridicularizar, me humilhar, na fila que fazíamos quando vínhamos para sala, ou quando íamos para o recreio, ela pisava no meu calcanhar até rasgar minha meias, ou sujava um absorvente com mertiolate vermelho e jogava nas minhas pernas, etc. Até que um dia, eu não me encontrava muito bem e reagi, neste dia ela me agrediu com palavras; falou, falou, e eu calada, acho que era isso que fazia ela ficar tão irada. Falou na minha mãe, assim de graça, eu pedi apenas que ela repetisse e ela prontamente repetiu, eu aberturei-a, segurando-a pela gravata (a farda era uma blusa branca com uma gravata azul e a saia de preguinhas também azul), ate deixá-la só de sutiã tipo uma combinação, a blusa eu rasguei com os dentes, não sobrou nada. Fui suspensa por três dias e ela? O pai ia deixar e pegar e a mãe ficava no colégio como um cão de guarda. Eu gostei, se soubesse que só assim resolvia o problema não tinha dado oportunidade para ela. Infelizmente a violência domina. Eu não aceito usar de violência para dar moral. Moral é respeito. Violência gera violência.
Primeiro Encontro:
Sofia lembra do primeiro encontro com João: havia terminado as aulas, por volta das onze horas, ainda no mês de março do ano de mil novecentos e sessenta e sete, (eu apenas com quinze anos), quando descia as escadas vi aquele rapaz encostado no carro. Aproximei, queria vê-lo de frente, pois ate então via suas costas, era alto, blusa enrolada, amassada pela posição do banco do carro. Dei a volta e olhei bem para o seu rosto, tinha olhos verdes, era moreno, gostei, não sei bem o que senti, nunca havia me interessado por ninguém. Fiquei aguardando sua passagem no portão da saída, queria vê-lo mais uma vez. Achei que ele nem olhou para mim.
Iniciei minha caminhada, eu vinha e voltava a pé para o colégio, já havia caminhado uns dois quilômetros, por aquela estrada asfaltada, quente e cheia de buracos em seu acostamento, por onde os carros forçavam a gente ter que andar ou parar enquanto que eles passavam quase que por cima da gente. Parou um carro, olhei, era ele, oferecendo carona. Fiquei ali parada, e eu que pensei que ele nem olhou para mim, emocionada sem saber o que dizer. A surpresa foi muito grande. Pensei: como ele sabia onde eu morava? Sem dizer nada abri a porta do carro e entrei.
A paquera começou. Todos os dias ele ia deixar as irmãs e voltava para me buscar. Era apenas um olhar e um agradecimento na margem do rio. Quando ele não vinha eu já sentia falta; era um sentimento esquisito, como se já gostasse dele.
Um dia, eu estava na quadra do colégio jogando vôlei; fazia parte do time oficial do colégio, ganhei medalhas de melhor saque nos campeonatos na Bahia, Recife e Piauí. Uma prima dele que fazia parte do time diz:
- Sofia, o João pediu para eu te levar lá pra casa neste fim de semana, ele quer falar contigo. Topa? – Eu disse pra ela que ia falar com minha mãe. Saí da quadra e fui para o banheiro pensando naquele jeito dele; calado, batia a porta do carro com muita força, corria muito, colocava musica com volume alto, parecia uma pessoa rude, grosseira, mas quando lembrava do seu olhar o meu coração se enchia de emoção, ternura, carinho, ele tinha um jeito de olhar, uma expressão de comunicar, que não havíamos ainda conversado nada e parecia que tudo já havia sido dito, era uma cumplicidade quando nos olhávamos que as palavras perdiam totalmente o sentido.
Cheguei em casa, falei sobre o convite da Flavia e mamãe deixou.
No sábado a noite nos arrumamos e fomos para a principal avenida. Lá era o ponto de encontro dos jovens da cidade. As meninas ficavam circulando e os meninos parados observando-as. Próximo da avenida tinha uma amplificadora, onde os meninos colocavam mensagens para as meninas que eles queriam namorar. Muitos namoros e até casamentos se concretizaram por este meio.
Foi neste sábado que nos encontramos. Era já nos meados do mês de setembro de mil novecentos e sessenta e sete, ele tinha dezenove anos e eu quinze, até que enfim íamos conversar, acredito eu. Lembro até da roupa que ele vestia. Uma calça preta e a blusa verde escuro, mangas cumpridas e a gola rolê. Um charme... Eu estava com um vestido estampado tipo Gabriela cravo e canela de Jorge amado. Caía bem para mim. Eu era muito esbelta, pernas grossas, alta e de uns olhos alegres e lindos (é chato falar de si mesmo).
Ficamos os três ali parados calados. Flavia observou que estava sobrando, dizendo:
- Eu não vou ficar segurando vela - riu e despediu-se.
Ficamos olhando um para o outro, para mim já estava de bom tamanho, era muito bom olhar para ele. Pensei, e o nome dele? E o meu, será que ele sabe. Ele mim convida para irmos ao grêmio, era um lugar mais calmo e podíamos dançar. Eu disse:
- Meu nome é Sofia e o seu?
- Me chamam por um apelido, mas meu nome é João.
Assim que entramos, ele foi logo pedindo para dançarmos. Foi o primeiro contato mais próximo, depois de quase seis meses que havíamos nos conhecido. Apenas dançamos. Depois nos sentamos. Ele timidamente perguntou se eu queria namorá-lo. Eu respondi que queria. Ficamos ali pertinho um do outro só olhando as pessoas dançando. Ele me convidou para irmos passar o domingo em uma bica, dizendo que o banho lá era muito bom.
No domingo fomos para o banho na bica. O cenário encantava e seduzia até aqueles que não gostavam de natureza, os urbanos radicais. Foi inesquecível. Estávamos apaixonados, tenho certeza. Eu sentia vontade de abraçá-lo e beijá-lo. Não tinha coragem de tomar iniciativa, sentia vergonha e temia, minha criação foi daquelas que a mulher que fizesse isto, tomasse a iniciativa, não tinha valor, o homem não queria para um relacionamento sério. Eu via no seu olhar o desejo... Corremos atrás um do outro, empurramo-nos dentro d’água, ele me molhou, eu tirei a blusa dele e em cada movimento feito, que deslizasse um toque um no outro era como uma descarga elétrica, que passava de um para o outro. Não saiu o beijo tão esperado.
A perseguição:
Passamos o ano de mil novecentos e sessenta e sete e sessenta e oito, assim; ele me dando carona do colégio para a margem do rio, nos fins de semana um por mês minha mãe deixava eu ir para a casa da Flavia. Lembro do primeiro beijo, quando pôs a mão no meu ombro, pegou na minha mão, ele fazia as coisas com tanto respeito que eu me sentia tão segura que ele me amava, era uma sensação tão gostosa, um prazer tão grande por uma atitude tão pequena, e o beijo dele? Ele começava apenas com um roçar de lábios, tinha um hálito tão gostoso, enfim, foram muitas emoções. “Não importa se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi” (Roberto Carlos).
Uns dias depois, a Flavia chegou para mim muito assustada e disse:
- Sofia, a mãe do João descobriu o namoro de vocês. Ela deu um castigo horrível a ele. Trancou todas as roupas dele no cofre e mudou o segredo. Deixou o coitado só de calção e descalço. Ela disse que é para ele te esquecer e o castigo vai durar ate ele não se lembrar mais de ti.
Eu fiquei arrasada. E agora? Eu era a única responsável pelo sofrimento do rapaz. A Flavia continuou; - Deixa eu terminar o que eu ouvi daquela minha tia doida. Ela disse que não criou ele para se enrabichar por uma pobretona “molambenta” como tu.
Meus pais souberam da proibição e disseram:
- Eles não são melhores do que nós, porque tudo isto? Nós também não queremos este namoro – Fiquei sendo vigiada como se fosse uma criminosa, nunca pensei que amar fosse crime. Meus pais não queriam que eu fosse humilhada.
Chegaram as férias. Fiquei em casa sem poder ir à cidade. Iniciaram as aulas, março de mil novecentos e sessenta e nove, ao chegar no colégio vi que ele estava com suas irmãs, cheguei perto dele e chamei-o, ele veio falar comigo perguntando se eu tinha recebido o bilhete dele, eu respondi que não. Ele admirando-se disse:
- Você não soube do que aconteceu comigo?
- Não.
- Você passou todos esses meses sem me procurar? Não sentiu saudades? – perguntou João surpreso. Eu não podia continuar conversando, ia perder minha aula, entrei as pressas sem dar mais tempo para nada. Não estava na sala de aula, só o corpo, pois a cabeça estava no João, queria saber o que tinha acontecido.
Depois da aula quando saí, procurei-o no pátio, vi o carro, fui ate lá, não era ele, era a mãe dele que estava ali, ao me ver foi logo dizendo:
- Decepcionada? Você deixe meu filho em paz, ele não é para seu bico, conheça seu lugar: molambenta...
Eu me retirei, sem conter as lágrimas. Fui caminhando para casa com a cabeça nas nuvens. Quando eu ia chegando na margem do rio, já para atravessá-lo, escuto um barulho de carro, olho para trás e vejo o João. Havia parado o carro e vinha a pé, eu paro e fico esperando. Quando ele chega, me abraça, me beija e diz:
- Eu não agüentava mais de tanta saudade.Só pensei:”eu também não sabia o que fazer pois a saudade era muito maior, do que a raiva que acabara de sentir, ao ouvir as agressões da velha mãe dele”. Ele disse:
- Vá para a casa da Flavia, vamos ficar bem juntinhos, dançar a noite toda.
No outro dia, vou para a casa da Flavia, saímos, estávamos sentados na avenida, quando a mãe dele pára o jipe, e o chama aos gritos dando um escândalo. O João levanta-se, entra no carro e vai embora...
Flavia me contou que sua tia comprou passagens para o João ir embora, ela assustada dizia:
- Sofia só viajando ele vai passar três dias, é muito longe para onde ele vai. – afirmava Flavia preocupada. Um ano se passou. Eu passei todo pensando no João.
Março de mil novecentos e setenta, João me fez uma surpresa, quando cheguei na margem do rio ele estava me esperando, mais forte, um ano que nós não nos víamos. Estava muito cansada daquela situação de disse me disse, dele ficar neste sofrimento, as irmãs intrigadas com ele, a mãe pressionando, eu estava decidida a tomar outro rumo em minha vida, assim eu, com certeza iria me sentir mais feliz e ia vê-lo mais livre. Ele ficava em cima do muro, jamais assumiria a nossa relação, eu não queria dividir, eu só queria somar. Nós éramos muito jovens, eu tinha dezoito anos e ele vinte e dois, daríamos um tempo enquanto a poeira baixasse. Quando falei para ele sobre o que estava pensando ele chorou e disse que me amava e que estava precisando apenas de uma oportunidade para trabalhar, ficar independente, aí sim, iríamos cuidar de nossas vidas. Matando as formigas e os mosquitos que tinham demais na margem do rio, mete a mão no bolso e tira um estojo preto bonito e disse:
- Comprei para você. – peguei o estojo, abri, lá estava um lindo relógio, tirei-o e ele colocou no meu braço. – Ficou lindo – eu disse, balançando o braço como se testasse se caía ou não, ele riu e me abraçou. Mas uma vez trocamos aquele beijo tão gostoso que só ele sabia dar, ah! Lembrei que não conhecia outro.
Saí do colégio, não vi o João. Minha mãe pediu para ir depois da aula na casa de uma irmã dela, era no centro da cidade. Estou indo em direção ao centro quando escuto uns gritos; - Pára, pára aí, sua... eu sei que o João te deu um relógio mas não é teu!
Olhei para trás, era uma das irmãs do João que também tinha saído do colégio e estava atrás de mim quase correndo para me tomar o relógio, eu também apressei o passo e olhando para trás, ela estava me alcançando, comecei a correr, até chegar na minha tia. Entrei e já com o portão fechado, vi que ela passou sem me alcançar. Minha tia vendo que eu estava puxando pelo ar, ofegante, perguntou o que houve e eu apenas narrei rapidamente o ocorrido. Minha tia disse que eu devia telefonar para ele e devolver o relógio, para assim evitar confusão. Peguei o telefone e liguei pedindo que nos encontrássemos na casa de tia Vanda. Logo ele chegou e eu entreguei o relógio. Ele não queria aceitar. Ficou olhando para o chão sem dar uma palavra, demonstrando muita raiva. Eu insisti dizendo:
- Receba, é para nosso bem e tem mais, eu quero muito você, mas vou ter que tomar uma atitude, chega, eu acho melhor parar por aqui enquanto ainda podemos sufocar essa paixão, amor, sei lá, este sentimento tão lindo. Ele, pede para não fazermos isto conosco. Eu dando uma de durona disse:
- É preciso, não temos mais nada – afirmei.
Depois eu soube que ele chegou em casa, reuniu seu pessoal e pegando o relógio jogou no chão, quebrando-o todo. A pessoa que estava lá e viu tudo; disse que todos correram para pegar os
pedacinhos que sobraram do relógio.
Eu estava decidida, vou esquecer o João...(não sei como, mais vou).
Já, há, alguns meses, eu trabalhava na estatística (posto de coleta do IBGE), sozinha, meu chefe mim orientava pelo telefone, ele não podia viajar, era muito ocupado e como estávamos em mil novecentos e setenta e os recenseamentos são feitos de dez em dez anos, então começariam em junho a contagem das pessoas do nosso país. Assim, meu chefe nomeou um chefe imediato e eu seria a ajudante dele. Fizemos o estágio juntos, ele era muito simpático, solteiro, mais velho do que eu uns oito anos, eu tinha 18 e ele uns 26 anos, bem mais maduro, inteligente, educado e charmoso; riso lindo, não fazia muito o meu tipo, era de estatura baixa, mais falava bem, e tinha um andar calmo e seguro.
Trabalhamos juntos uns quatro meses, o que nos aproximou mais, eu queria seguir ao pé da letra o ditado popular “só se esquece um grande amor com outro” e o Armando Braga era o ideal, rapaz trabalhador, sua família; eram pessoas abertas, alegres e eu me dava muito bem com a senhora sua mãe, uma senhora sincera, comunicativa, educada, nos relacionávamos como gente.
Por volta do mês de outubro ao chegar no posto de coleta o Armando pediu para eu ficar mais um pouco depois do expediente que precisava falar comigo. Fiquei aguardando o que o chefe queria. Quando todo o movimento terminou, ele pergunta se eu queria ir a festa com ele, eu respondi que iria sim. Fomos à festa e ele me pede em namoro. Namoramos durante quatro anos (1970 a 1974). Ele era carinhoso, atencioso, delicado, amoroso, enfim, o que toda mulher pede a Deus, um homem dos sonhos. Foi fácil transferir o que eu sentia pelo João para o Armando.(pelo menos foi o que pensei). O João também arranjou uma namorada, era uma enfermeira.
Em 1974, eu comecei a sentir o Armando distante, não era mais tão amoroso como antes, entendo que ele cansou-se, claro, eu não adiantava nem um crédito sexual, era apenas beijos, beijos e beijos. O homem quer mais. Descobri que ele tinha outra, sofri muito, muito mesmo, o nosso namoro foi lindo. A forma de como eu descobri tudo que estava acontecendo foi muito dura. Ele falava de mim nas mesas dos bares, nas rodas com os amigos dizia que o meu cabelo era carapinha (ruim), falava que tinha vergonha de se apresentar em sociedade comigo. Riam, riam quando ele dizia que queria uma mulher loira, um dos amigos dizia:
- E como ela vai ser loira?!
Enfim, e muitas outras coisas do mesmo nível. Foi difícil acreditar em tanta baixaria, mais eram todas verdades. Ainda lembro agora o que eu senti naquele dia; é como se houvessem me obrigado a comer lombriga crua e viva. Meu Deus se pudesse juntar o João à família do Armando era perfeição demais, ninguém merece, tudo tem um preço. Pensando bem, juntando o Armando na família do João, eu acho que por pior que aqueles lá sejam, ainda iam perder muito, eles com certeza ainda são melhores, pois dizem na frente suas maldades, são transparentes e o Armando? Que é falso! Demonstra educação, fineza, atenção, carinho, tudo fingimento e covardia, pois nunca notei durante quatro anos nenhuma falha naquela criatura ou eu estava apaixonada? Pois a paixão é cega. O amor? É transparente. Foi isto que fez eu sempre ver tudo sobre o João? E não ver nada sobre o Armando?
O João passou esses quatro anos desfilando nas ruas com a namorada dele, era de gosto da família, era enfermeira chefe do Hospital, vinha de outra cidade, loira, feia, “não era ciúme”,é porque a mulher era desarrumada mesmo. Eu posso ter os cabelos ruins, mais sou esbelta, elegante, charmosa, cintura fina, pernas grossas, rosto lindo; etc. Não importa o que digam, o que importa é o que eu acho de mim, eu mim amo, e sou mais eu em tudo. Será um pouco de despeito? Não, é amor sim.
Após quatro anos sem nos falar fui procurar o João. Ele ressentido, diz que não quer saber de conversa. Eu insisto perguntando se ele havia me esquecido, porque eu não o esquecia. Estávamos numa calçada, ele ia na frente e eu atrás, disfarçando que nem nos conhecíamos. Ele disse:
- Vá procurar seu namorado.
- Eu não tenho mais ninguém, ele acabou tudo - respondi. O João parou, virou-se para trás e ficamos olhando um para o outro, como se nos encontrássemos no deserto e não houvesse ninguém ao nosso redor, que pena que não era assim, estávamos em frente a um banco, sendo dia de pagamento dos idosos e o movimento era muito grande.
- Fala alguma coisa, vai ficar como uma estátua? - Perguntei.
- Quer se encontrar comigo? - Disse ele.
- E a tua namorada? - Indaguei.
- Meu Deus se ela souber que eu estou aqui conversando contigo, ela morre - disse confuso.
- É bom! Porque tu não vai ter o trabalho de terminar o namoro - insultei sorrindo.
- Mais eu não posso fazer isto com ela - argumentou sem me olhar.
- Tudo bem, fique com ela e mim deixe em paz. - Saí tão furiosa que Deus é quem estava mim levando.
Durante toda a caminhada que fiz ate chegar em casa, meu coração dizia que ele continuava mim amando, eu sentia uma segurança tão grande em relação ao sentimento dele por mim. Já pelo Armando era muito diferente, eu não sentia segurança, não sei se por ter um beijo frio, um abraço solto; era carinhoso, era delicado, amoroso, mais passava uma superficialidade no olhar que muitas vezes mim deixava muito infeliz, pois era um relacionamento sem cumplicidade, quando ficávamos em silêncio eu sentia angustia e notava que ele sentia nojo de mim, não era aquela química que rolava comigo e o João que quanto mais calados ficávamos mais pintava clima de tesão, sabe aquela sensação de estarmos dentro um do outro sem nunca ter tido relação sexual, vim descobrir o que sentia, quando fiz sexo com ele, ai eu entendi que aquela sensação prazerosa e tão gostosa já era as preliminares de um ato de amor mesmo, sem ele está dentro de mim, eu já chegava ao orgasmo. (era o KREL, já no número cinco). É, eu era virgem, sobre este assunto eu sentia que só valeria à pena deixar de ser se fosse por amor. Quebrar o tabu da virgindade, este preconceito que tanto castra as mulheres e leva-as para a infelicidade de tantos lares.
Sofia Volta a Realidade:
O motorista pára o carro, me despertando daqueles pensamentos, tão bons! Recordar o que passou, vivenciar naquele presente que jamais pensei naquele momento que seria motivo de no meu futuro, este agora tão cheio de dor, iria me proporcionar consolo, forças por assim dizer, para encarar esta realidade que antes mim encheste de sonhos e hoje esmaga!
- Senhora! Senhora! Hei, é aqui a rua – O motorista já impaciente insiste.
- Certo, certo - descendo do carro abro a porta e bem enfrente vejo o portão da garagem e o carro da minha cunhada, entro e fico bem ao pé da janela que dar para o quarto dela. Olho pelos postigos de uma janela e vejo ela deitada na cama: assistindo televisão, toda vestida de roupa social e calçada de sandálias altas, como se fosse sair ou esperasse alguém, já que ela não sabia que eu ia. É o que eu pensava. Começo a bater e chamar:
- Florinda? Florinda? Sou eu a mulher do João...
Ela levantou-se e veio abrir a porta, demonstrando admiração perguntou:
- O que houve? – eu sem saber também, respondi.
- Não sei, o Estevão ligou dizendo que eu fosse para a Assistência Municipal e desligou sem dizer nada e nem qual seria delas. Eu lembrei de vir aqui saber se você pode ir comigo saber onde ele está.
- Tudo bem, vamos – Falou dando um leve e profundo suspiro.
Enquanto a cunhada de Sofia fechava as portas, Sofia vai pagar o
táxi. Volta e espera. As duas entram no carro e Florinda pergunta:
- Sofia o João morreu? – Sofia responde que não, seu cunhado só disse que ele estava no hospital e pergunta:
- Você já esta sabendo é que ele morreu?
- Não, não, eu estou sabendo o que você esta – afirma Florinda.
Ela está tremendo, sente um frio estranho. É como se visse o carro de seu marido virado. É uma mistura de sentimentos. Olhando para Florinda pensa: será que ela esta fingindo? Porque ela já estava toda pronta? Alguma coisa já esta sabendo, o que esta acontecendo, o que fizeram com seu marido.
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Sofia volta a pensar no passado, não queria saber da realidade, sua cunhada iria dirigir um bom percurso, dava tempo ela recordar bastante.
Eu já estava em casa há um bom tempo, quando mamãe me chama. Estávamos morando na cidade, papai havia comprado uma casinha, mas continuava com o sitio. Ficou mas confortável, caminhávamos bem menos para o colégio. Fui atender o chamado de minha mãe e era o João que queria falar comigo. (eu estava com vinte e um e ele com vinte cinco anos).
- Diga João! – Falei rindo sem nenhuma responsabilidade.
- Eu preciso falar com você – com as duas mãos no bolso parecia mais moreno, os olhos mais verdes, estava lindo, mais alto, mais forte, mais esbelto, o cabelo era igual ao meu, mais eu achava lindo, aquele pescoço sexy e o andar era torto, o ombro esquerdo, um charme!
- Já está falando! – Argumentei desinteressada.
- Eu falei com a Cristina (sua namorada), pedi para darmos um tempo, quero dar mais uma chance a nós dois. O que você acha? Quer?
- Quero, eu estava morrendo de saudade de você.
Começamos tudo de novo. Dessa vez foi mais forte, ele estava mais esperto, mais atrevido, foram dois meses de muito amasso, sem sexo. Eu queria, ele queria, nós queríamos mas nos controlávamos, temíamos alguma coisa dar errado e não podermos assumir as conseqüências. Era tortura demais.
Até que um dia estávamos no grêmio e a senhora sua mãe descobriu, foi horrível, ela chegou com a ex dele (a enfermeira) a tira colo, pode? Pode! Ela pode tudo, levou, levou meu amor, como sempre, ele foi como um cordeirinho sem atitude nenhuma. Aquilo já era nojento...
A senhora sua mãe comprou uma passagem para ele ir embora, muito longe, muito mais longe do que daquelas outras vezes. Isto aconteceu em mil novecentos e setenta e quatro, ele foi para Brasília. A primeira foi pro Rio de Janeiro e a segunda para São Paulo. É mole? A senhora sua mãe tinha pânico de mim e eu dela.
Legítima Defesa (SEGUNDA PARTE)
SEGUNDA PARTE
A Fuga
Dois anos depois,(1976). O Armando casa-se com uma menina bonita, cabelos loiros, lisos, filha de um ex-prefeito da cidade. Em seguida, fiquei sabendo que o João estava com uma divorciada de um deputado. Aquelas noticias desabaram sobre e sob mim como uma bomba de ponta a cabeça (será que eu queria os dois?).
Um dos balconistas que trabalhava pro meu pai, queria namorar comigo, eu não queria, ele era casado, tinha filhos, mesmo estando separado da mulher eu temia, pois um casamento é um casamento e eu respeitava muito e, a mulher dele estava sofrendo. Este homem passou de janeiro a setembro me seduzindo, foi como um desespero de causa, até que fugi com esta criatura, foi uma catástrofe. Fomos para outra cidade e ficamos morando com a senhora sua mãe e, com as minhas economias compramos um pequeno ponto comercial, no centro da cidade. Eu estava sofrendo, simplesmente aumentei meu sofrimento em mil vezes, pois o que aquele homem fez comigo foi estupro, minha primeira noite foi uma tortura. Não podia ser normal: apesar de ser virgem e não conhecer o ato sexual; porém, todavia, contudo, dava para entender, que "aquilo", não era pra ser feito daquele jeito. Não, eu não acredito que fosse "aquilo", que diziam que era bom, então ninguém sabia o que era ruim? Ou então eu não sabia o que era nenhum dos dois. Eu não era normal? Ou eu não me conheço? As pessoas gostam de cachaça, que mau gosto...
A decepção foi tão cruel, que eu não quis mais saber de nada, prostrei-me, dentro de uma rede, com um litro de campary. Ali eu dormia e acordava só para pegar mais bebida e ir ao banheiro, não comia nada. A moça que trabalhava na casa é que fazia tudo e, minha tia que ao passar de uma semana, veio morar conosco. Entrei em depressão profunda, tentei suicídio. Foram noventa dias de terror. Não morri, porque o anjo da guarda, que foi a minha tia não deixou. Comprei veneno para rato(1080), ela viu e, ficou me vigiando sem eu saber e, me pegou na hora que ia beber o veneno. Quase morro de um susto. Queria morrer mesmo.
A única coisa boa que ficou em mim, daqueles noventa dias, foi à lembrança da mãe dele. Ela cuidou de mim como quem cuida de uma filha, até melhor, eu não era nada dela. Ela foi humana, generosa, solidária...
Meu único irmão sempre me visitava. Ele nunca disse nada. Apenas chegava lá com aquele jeitinho dele (ele é calado, fica apenas ouvindo e uma vez por outra ri. Raramente fala e quando diz alguma coisa é com sabedoria), apenas com os olhos dizia: “volta, estamos com saudades de ti, independente do que tu fizestes”. Ele passava seu pensamento com tanto carinho. Eu via tudo. Sempre entendi melhor as pessoas pelo olhar do que pelas palavras. E se for cego? Eu entendo pelo andar, pelo jeito de gesticular os braços...
Abaixo de Deus e em agradecimento a tudo que a mãe dele fez e sempre me aconselhava:-volte para seus pais, meu filho não tem futuro.Outra senhora que rezou em mim, ela passou mais de trinta dias com um grupo de orações, fazendo para mim.São orações de libertação,caridade,limpeza espiritual,reza-se o evangelho e doutrina aqueles espíritos que estão necessitados de encaminhamentos para a evolução.Meu irmão também contribuiu muito, com aquele carinho, aquela força ...
Voltei, minha mãe mim recebeu como o filho pródigo, mandou fazer um almoço especial.
O regresso
Começar de novo.
Inscrita no vestibular, prestei exame e passei, fiquei em décimo quarto lugar, eram cinqüenta vagas e já haviam mais de trezentos e cinqüenta inscritos, foi um resgate de auto estima, mostrar para mim mesma que era capaz, só eu poderia entender isto por mais que quisessem mim ajudar, como recebi ajuda de muita gente e se eu mesma nada quisesse isso não teria acontecido.
Durante estes quatro anos na faculdade, estudei muito, foi como um retiro, escrevi um livro, fiz amizades com pessoas com a áurea parecida com a minha, eu sentia uma profunda ânsia e chegava até ao vômito ao vê um casal se beijando, literalmente, mais uma vez recebi muita energia positiva de pessoas que realmente só queriam o meu progresso espiritual e claro material.
A propósito, encontrava-me com um problema sério que era a questão sexual,eu tinha apenas vinte e quatro anos e não podia ficar olhando para os homens e sentir medo, pânico e aí?- perguntando-me fazendo este questionamento encontrando a solução, que seria ir procurar a causa do sintoma. Ele surgiu de onde?eu sei que foi do impacto com a realidade de saber do casamento do Armando e do relacionamento do João com a Sibéria(a ex do deputado),lembram? Então, conclui que eu deveria liberar o meu inibido, procurando um dos dois para conversar, seria por assim dizer um passo muito sério, pois encontravam-se os dois comprometidos e, eu poderia até mim machucar mais, então o que deveria fazer para o meu ego ser resgatado? Conversei com Deus, aprendi que é Ele a solução para tudo, entreguei a situação toda para Ele.
Por várias vezes aos finais de semana vinha para meu interior passar com meus pais. Procurava ajudá-los no restaurante que eles tinham. Num certo dia, estou com meu pai no atendimento do balcão e servindo nas mesas, o Armando entra com o prefeito da cidade, sentam-se e meu pai atende-os passando para me o pedido:- Sofia eles querem Wisk com gelo e um tira gosto de queijo e limão.Ao voltar com o pedido, o Armando estava encostado no balcão e dirigindo-se para me diz:- Sofia? pega uma dose de campary, ao entregar o copo por cima do balcão, ele coloca sua mão encima da minha. Minha reação foi imediatamente de retirar a mão dele e olhá-lo muito assustada com aquela atitude, pois nunca mais havia tido nenhum contato com aquela criatura. Sem que falasse nada ele diz:- fique quieta, eu só queria saber se posso ir falar contigo lá na faculdade. Eu entrei e não saí mais.
Era por volta do ano de 1980, já há quatro anos do ocorrido, eu ainda me sentia muito insegura e tensa, estava concluindo minha faculdade,não queria problemas.Fui meditar, pedir a Deus que nada de mau pudesse acontecer comigo, eu me encontrava tão machucada, não queria envolvimento com homem casado.Viajei,não podia perder minhas aulas. Ao sair do prédio com minhas colegas, distraidamente conversando, observo um carro que nos seguia vagarosamente, chamou-me a atenção. Paro e olho para quem encontrava-se no volante, o susto foi muito grande, infelizmente era o Armando,” ele veio? pensei!”, e mim perguntei por que fez isto? Eu sou solteira, livre e de maior. E ele? Não tem nada para me oferecer, apenas querer mim ver na sarjeta, não existe outra opção. O que este cara quer meu Deus? Fiquei abalada com certeza, ora eu não sabia o que sentia por ele e nem pelo João, era uma mistura de sentimentos:- rejeição? vingança? a mulher dele foi quem nos separou, ela em pouco tempo de namoro ficou grávida e ele teve que casar com ela, eu sei que ele nunca mim quis, pois se do contrário fosse nada disso teria sido consumado. E agora? Pensei ...
Peço para as meninas irem, que eu ia conversar um pouco com o meu amigo.
Entro no carro, olho para ele e digo:
- O que tu queres? Ele diz:
- você. Eu respondo:
- eu estou precisando realmente de libertar meu inibido, e só através de uma vingança bem grande quem sabe, eu poderei não vomitar em receber um beijo!? Notei que ele não entendeu nada do que falei. Como iria entender, se ele não estava sentindo aquilo, este “aquilo” que talvez tenha sido ele mesmo que provocou, um trauma quem sabe? Lembrei do que havia pedido a Deus, será?
- Vamos sair daqui? Diz ele, pois estávamos no carro parado no meio da pista.Que tal para um restaurante comermos algo! E lá tu me explicas o que tu falas-te que eu não entendi nada.
- Nem vai entender. Sofia afirma.
Sofia precisava de usá-lo para saber se realmente o que estava sentindo iria acabar, pois neste momento a questão era sexo e, ela precisava ser beijada, para saber se sentia a mesma coisa, quando via qualquer casal se beijando.
Ver, é bem diferente de sentir e, eu queria sentir especialmente de um dos dois que mais mim magoaram, aquilo parecia que não estava acontecendo, ele estava ali na minha frente, eu não podia desperdiçar aquela oportunidade. Topei o que ele queria, fomos para o restaurante conversamos comemos bebemos e depois ele me convida para dormimos juntos, fui e fizemos sexo, não fizemos amor, não era amor, era um teste, eu precisava saber a diferença de um homem para outro. Encontrei o que procurava, a diferença era muito grande, acredito que a partir daquele momento eu iniciava a minha cura, suportei todos os beijos, enfim, tudo, só no inicio senti náuseas, mais logo foi melhorando, lentamente fui controlando aquela ânsia e, a sensação de que o meu ego ferido se restaurava, foi pouco a pouco encontrando o meu eu perdido, provocando o encontro da vitória de perder o medo deste desconhecido que é o gosto de fazer alguém de trouxa, libertação do inibido, por assim dizer.E assim, só parei de sair com ele, quando estava completamente curada.Foi fantástico, não foi necessário psiquiatra, também não separei o casal, o que não era a minha intenção, jamais pensei nesta hipótese, pois achava que os dois davam muito certo, formavam um casal lindo e foi confirmado que quem eu queria mesmo era o João, meu interesse para conhecê-lo dobrou. Estou livre!
Desde de 1972 que morava em Fortaleza, era voluntária nas escola municipais conveniadas, procurava dar assistência, mesmo tendo que correr para estudar, porém o tempo bem administrado rende muito, perdia muito tempo dentro dos ônibus, para cada lugar que viajava eram duas horas, ida e volta seriam quatro horas.Mesmo assim conseguia conciliar. Em 1980 já concluindo a faculdade foi fácil transformarem meu voluntariado em contrato e assinaram minha carteira como professora titular.Por volta do mês de outubro de 1981, recebi um telefonema, que muito me surpreendeu, já passava de seis anos que não nos comunicávamos, era o João dizendo que tentou me esquecer e, não conseguiu e, que vinha em janeiro de l982 e, queria que eu fosse esperá-lo no aeroporto. Foi grande a surpresa mas eu não queria dar esperança pois no momento estava sem nenhum tesão. Mesmo já curada , mais achava que precisava de dar um tempo, na verdade eu queria apenas trabalhar .
João continuava insistindo, ligou para a minha mãe lá em Novo Calvário,ele sabia que a minha mãe conversaria comigo e eu poderia pensar em alguma chance para dar a ele.Mamãe gostava dele mais temia seus familiares, por não me aceitarem.
Mamãe me contou tudo, muito preocupada, pois ela achava que eu já tinha sofrido tanto e, ela não via neste relacionamento muito futuro, ela sentia que eu ia sofrer muito.Pediu para que me cuidasse.Acrescentando:
- Minha filha, os familiares dele vivem em função de si próprios, eu comparo com um saco cheio de gatos, com a boca amarrada, pense dentro do saco o que acontece! Eu sei que ninguém é perfeito, mas tem umas pessoas mais evoluídas espiritualmente, preste bastante atenção aonde você quer entrar...
Fiquei de alerta, não tirei da cabeça o que mamãe falou: vigiando e orando, eu não sou mais nenhuma criança, já havia completado 28 anos e o João ia para os 32.Ficava lembrando de tudo que passei, as discriminações da senhora mãe dele e, suas irmãs que não me suportavam, do pai e, dos irmãos nada tenho a dizer, pois o que sabia é que me defendiam, quando ouviam elas brigando, por várias vezes observei que procuravam me apoiar e, até contornar situações constrangedoras que por várias vezes surgiram.
O “velho” como eu chamava-o era espírita, conversávamos muito eu o João e ele, era muito bom; ele é inteligente falava com muita sabedoria sobre a vida, explicava o mistério das parábolas de Jesus, que é o Evangelho, o único caminho que existe para seguirmos com segurança, pois é Ele quem nos ensina a chegar,encontrar e conhecer a verdade. Eu gostava muito de ouvi-lo era cheio de humor, ele contava estórias e histórias para fazer você distinguir as verdades das mentiras. Enfim eu amava o João, agora estou podendo afirmar porque tudo que já fizeram à me eu não lembro mais.
Viajei para Fortaleza, liguei para ele:
- Alô! É o João?
-Sofia?! Que bom, como vai?
-E ai o que tu queres de me, homem de Deus?
-Você e nada mais.
-É?! –respondi surpresa, e acrescentei:
-Eu não estou pensando em compromisso com ninguém eu quero apenas trabalhar, sabe João?
_Sofia eu sei que você está muito magoada,mas eu não te esqueço criatura, parece uma doença, já vão completar cinco anos que estou com a Sibéria e, cada dia que passa para me é uma tortura viver com esta mulher, pensando em você, eu não agüento mais...
_Eu posso até entender, porque eu também fiz de tudo para te esquecer, também é difícil sabe? a cada dia que passa, mais penso em ti, fico até com raiva deste sentimento, parece um câncer...
_Que bom ouvir isto de ti, meu medo é que não me quisesse mais.
_ Queria muito não querer, ah! Meu Deus como queria, mais é forte demais.
_ Sofia eu estou as vezes sozinho num bar bebendo alguma coisa e, de repente te vejo entrando e sentando na minha mesa, sabe aquela vontade de te ver é tão grande que te materializo, sei não, acho que estou enlouquecendo, preciso te ver .
_ Nós não somos mais crianças e, eu sei que te amo, mais eu queria só trabalhar, não tenho tempo para dar assistência a um homem, meu tempo esta cheio eu trabalho de seis horas da manhã até as onze da noite, chego muito cansada, não dar para encaixar um relacionamento, porque nos fins de semana é o tempo que eu tenho para corrigir provas, trabalhos e elaborar aulas para a semana...
_Eu ajudo você. Mesmo que não dê para você cuidar de me o importante é que estou perto de você, eu já comprei as passagens para o dia l2 de janeiro de 1982, estou chegando ai as duas e trinta da tarde, e quero te ver me esperando no aeroporto.
_ Deixa eu pensar como vai ficar a minha vida, certo? Já esperamos até agora, um ano a mais ou a menos em nossas vidas não faz diferença. Dependendo do que eu resolver eu vou te esperar no aeroporto.
_ Se você não for eu não viajo, mando cancelar a passagem.
_ Eu ligo, ainda faltam três meses, vamos entregar a Deus, se for de Sua vontade.
Fiquei pensando naquela situação, como o mundo dar voltas, a senhora mãe dele nunca me aceitou, só porque eu era pobre e, agora o preconceito vai triplicar,que pena não sou mais virgem, continuo pobre e o filho dela continua me querendo, o que vou encarar em? e o meu inibido agora? Aí é que será resgatado com tanta oportunidade que Deus está me dando, ou estou brincando com fogo? Sabe que eu não vou encarar isto.Entrego tudo ao meu todo poderoso o meu amado mestre e vou trabalhar, porque até agora só vi futuro nisto: estudo, trabalho, respeitar o que eu quero fazer e, o resto serão conseqüências.
O reencontro
Dia 12 de janeiro de 1982 às duas horas e trinta minutos, fui para o aeroporto.Ao chegar vi no portão de desembarque, todos os seus familiares, não me aproximei deles, fiquei com vontade de ir falar com o “velho”, mais achei melhor ficar onde estava,sem que eles me vissem.Já passava das duas e trinta, continuei olhando de longe, donde não dava para me verem.Até que vimos um avião se aproximando, meu coração acelerou, afinal de contas eram uns seis anos, mais, sem ver este grande amor.Minhas mãos começaram a suar,acendi um cigarro, a adrenalina estava subindo.Até que vi o avião chegando, será que era o dele?eu olhava sem piscar, pois temia que ele descesse e eu não visse e, na hora de todos abraçando ele, eu não chegasse junto.Não importa se mandassem eu me retirar, era um bom momento para eu dizer que não me afastaria, elas iriam com certeza entender que não mandariam mais em nós.
Quando avistei-o descendo as escadas do avião, achei muito diferente, forte, barba fechada e bigode.Blusa azul de mangas compridas social, calça azul escura, muito elegante, mas o andar era o dele, aquele ombro torto eu conhecia em qualquer lugar do mundo. Vi todos se dirigindo ao seu encontro, fui eu também. Ao me ver, ele parou com os dois braços abertos, como se pedisse:_ vem me abraçar.Ora! foi o que eu fiz.Abracei-o, nos afastamos, ficamos nos olhando. Sua mãe chega abraça-o as irmãs e o velho. Depois deste primeiro momento, o “velho” vem falar comigo, põe a mão no meu ombro e me convida para irmos tomar café, que estava louco para fumar um cigarro.Saímos juntos e ele diz: _que está surpreso e feliz pela volta do filho e por eu está ali para recebê-lo, porque eu sei que meu filho só pode ser feliz com você”.Que lindinho que meu sogro é.
O João se aproxima e me olhando da cabeça aos pés, diz:
_Você está mais bonita agora .
_Um! Também estou achando você mais bonito agora.
A irmã dele a Custódia chega e diz:
_João, nós organizamos um jantar para você, só a família e nossas amigas, mais íntimas, sem pessoas estranhas, jogando a cabeça para me como se estivesse pedindo para ele não me levar.
_A onde vai ser? Perguntou João desinteressado.
_Num restaurante na orla marítima é surpresa...
A outra irmã dele chega e pergunta vamos, vamos: quem vai no meu carro?
Eu voltei de táxi com o João, eu queria que ele soubesse onde eu morava.
Durante todo o percurso no carro do aeroporto até a minha casa, não nos falamos, apenas ele pegou a minha mão e olhava para me, tirando a vista só quando o motorista freava mais forte nos sinais de trânsito ou nos buracos.Minha tia, nos aguardava e, eu eufórica agarrada na mão dele dizia:
_Olha tia, que eu encontrei, que maravilha, a senhora lembra dele?
_ claro, não é o João? Está tão diferente. E logo se retira , ela não podia se afastar da cozinha, ela se divertia no fogão e lavando os pratos,eram os lugares preferidos dela.
O João levantando-se, dando a mão para me, pede um abraço:
_V em amor, eu estou muito feliz de estar aqui com você, eu te amo muito, não vamos mais perder tempo, por favor procure compreender minhas irmãs, elas são possessivas e disse:
- Sofia já são quase quinze anos que tentamos ficar juntos,é tempo demais que estamos perdendo, vamos dar um basta nisto. Eu respondo conscientizando-o:
_É tu, criatura, que nunca desceu do muro e tem mais, elas não me aceitavam antes, imagine agora.É melhor ficarmos assim, nos encontrando sem compromisso, o importante é o que sentimos um pelo outro.A falta de liberdade me constrange.Vão cobrar demais, eu sei que não vou tolerar,sabe João, eu já conheço, só tem uma coisa positiva, eu não vou ter tempo nem de ver a cara delas.Tudo bem: - Ele argumenta meio inseguro:
_Você acha? Eu vou ficar assim? Eu quero você por inteira, acordar todos os dias com você é de ser muito bom acordar pela manhã e, a primeira coisa que a gente ver é um rostinho destes pertinho da gente para beijar na hora que quiser e, saber que é só meu, eu quero saber se vão me chamar de palhaço? Eu sem agüentar o preconceito dele disse:
- Olha aí porque elas não me respeitam, tu mesmo fala dessa forma ,cara? Que palhaço? Você não é melhor do que elas. Isto me assusta, a tua insegurança. Temos que pensar muito, sabe? Eu estou muito bem e, não quero nada que possa atrapalhar o andamento das minhas aulas, estou muito feliz.
Neste fim de tarde, ficamos só nos acariciando, não nos conhecíamos sexualmente, nossa primeira noite tinha que ser muito especial, se bem que tudo era muito especial com ele.Por volta das sete horas da noite ele foi embora para o jantar que sua irmã organizou, me convidou, mas achei melhor não ir, sabia que ia ser uma confusão se aparecesse por lá, iam continuar fazendo que não me viam,era como se eu não estivesse com ele e, para me chatear é melhor ficar em casa, ele não queria ir sem mim, mais insisti que ele fosse, era melhor, depois nós ficaríamos juntinhos sem problemas, a minha esperança é que com calma fôssemos conquistando nosso espaço.
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Florinda pára o carro e me chama: (voltando à realidade)
_Sofia, chegamos, vamos lá, ver se ele deu entrada aqui! Descemos do carro e caminhamos do estacionamento até a recepção do hospital, era como se minhas pernas pesassem duzentos quilos cada uma,meu coração doía, era uma sensação de angústia muito grande, muito mal estar, até que vimos a recepção, pedi pra colocarem o nome dele no computador pra saber se havia algum João internado lá, a moça parecia sonolenta, tão vagarosa naquele teclado, estava em câmara lenta, foi uma eternidade para confirmar que não foi dado entrada lá. E aonde agora meu Deus pensei? Florinda disse:-
Eu sabia, eu sabia, viemos só perder tempo aqui, era pra me ter ido logo era pra Parangaba, ele está lá, tenho certeza, a casa da Ivone é pertinho de lá. Que droga! Florinda quase correndo até chegar no carro, falando estas coisas sem eu entender direito.Perguntei para ela:
_ O que tem a ver a casa da Ivone com o Hospital? Florinda contemporizou ,quase assustada:
- Não sei, não sei, eu estou achando que perdemos tempo, só isto. Florinda tenta desviar o assunto. Mas deixou a “mosca atrás da minha orelha”,aí argumentei:
_Quando eu te pedi para ir devagar, porque pode ser um acidente com o João e assim pudéssemos ver o carro virado, tu dissestes que era melhor do que o que tu estava pensando.O que tu está pensando? Ou o que tu já sabe, pelo amor de Deus , me diz logo mulher, pra que este mistério todo? O que pode ser pior do que um acidente, pela hóstia? Ela continua afirmando com indiferença:
_Pode, só que é melhor não insistir porque eu não sei de nada, entendeu?
_É,está bom.Desisti, eu não iria insistir com aquela criatura, sabendo e conhecendo como são.Se notarem interesse ficam matando no cansaço.O percurso da Assistência Central para a Parangaba é grande, mais já passava das doze horas, o trânsito mesmo sendo no sábado, já se encontrava mais calmo.
Fiquei pensando que ela falou na casa da Ivone. A Ivone é a irmã privilegiada dentre as seis irmãs, são sete mulheres com a senhora mãe dele. São a Lavinha,Custódia,Ivone,Florinda,Lívia e Olívia. A Ivone é aquele tipo boazinha, agradável, carismática, objetiva, egoísta, que envolve as pessoas dando presentes, tem pose de rica, chique é muito trabalhadora, mais sabe aquele tipo que “Deus só promete um tostão e não tem quem faça ganhar um milhão”? Pois é, é apenas aparência, vontade de ser o que não é, anda sempre de carro novo todo fiado, quer morar em mansão, sem pagar o aluguel, é só o que dá hoje em dia , ninguém se conforma mais com o que Deus dar, sempre estão apelando, aplicando "171", é isso aí .Sabe que as vezes eu penso que seja síndrome de alguma coisa , pois estamos no século das síndromes, é síndrome do pânico, síndrome do transtorne obsessivo compulsivo, enfim são tantas síndromes que assim vai engrossando a fila dos distúrbios.E o único meio que existe para agradar a mãe dele, é se fizer as vontades da Ivone,aí todos se envolvem em função da Ivone, a senhora matriarca então ficará grata e os outros filhos receberão com certeza o reconhecimento, aí serão visto e receberão também muita gratidão da mamãe. Veja bem que situação: o que a rejeição é capaz de fazer, inúmeros estragos, pois são cinco irmãs e três irmãos todos casados, são cinco genros e mais três noras. E ela aprontando e exigindo com os vários esposos que vai arranjando. A galera toda que é manipulada por ela é que se dane. Aqueles vários maridos, os mais espertos que vão conhecendo-a largam dela e, assim a fila vai engrossando. E nós? agradando a senhora sua mãe. Aí eu pergunto o que eu tenho a ver com isso? Só porque sou casada com o filho, um dos coitados que por mais insistente que fosse, nada via, era completamente cego, trevas: como a luz faz falta nestes momentos, ser bom para os pais é uma coisa bem diferente de ser serviçal. A prostituição não é só aquela que o homem paga para ser usado e usar a mulher receptora, existe a prostituição da intimidação, da submissão e do intelecto.Entender como o individuo ignorante, que se acomoda naquela situação, sem nenhum interesse de procurar o conhecimento, para a sua evolução e, o pior de tudo isto é querer impor que os outros aceitem, sem questionar o seu ponto de vista, todos estão errados apenas esta pessoa está certa. E quando é contrariado, que se transforma num monstro? será que é esquizofrênico? Ou é porque é mimado mesmo, foi criado cheio de querer? Não sei, só sei que tenho me deparado com muita gente assim sem poder receber um não... é complicado.Sua irmã é assim, não pode receber um não, só dizendo sim, para todas as suas vontades, com o aval da senhora matriarca. Eu sempre vi isto, e nunca aceitei, pois sempre pensei que a verdade é única, e “a ignorância não mede o quanto você desconhece, mas sim o quanto você é preso a sua verdade”. Por isto que existem várias verdades, pois existem estas criaturas, que acreditam no que querem, ou seja na verdade de suas próprias ignorâncias.
Legítima Defesa
TERCEIRA PARTE
A traição
Sofia volta a recordar, era tão bom pensar no que é bom, em 1982(no comecinho, era sempre começando, quantos começos tivemos? 1967, 1969, 1974, 1982 sei lá, o importante é que nunca nos venceram).João insistia em começarmos a viver juntos e o melhor é que começamos.
No outro dia que ele chegou ,cedo, me contou sobre o jantar, achou bom mais teria sido melhor se eu estivesse lá.Eu expliquei para o João que a casa na qual estou residindo é alugada , sou eu quem paga o aluguel e a partir do momento que passarmos a morar juntos serão todas as despesas divididas.Ele aceitou. Aí eu perguntei:
- E se eles te mandarem embora novamente...ele sorrindo diz:
- Eu vou mas te levo. Estávamos sentados no sofá, ele me abraça bem forte, e diz: - Sofia, já perdemos tempo demais, eu não sou museu...eu sei que você sofreu de mais e sinto muita culpa. Por favor não vamos comentar nada, não quero ouvir falar neste assunto do teu passado. (Realmente moramos 16 anos juntos e este assunto nunca foi lembrado por nós dois. Infelizmente as pessoas de sua família nunca esqueceram. Todas as vezes que nos encontrávamos eram dadas as piadas, feitas agressões e humilhações, do tipo: “o que você quer não é mais de nada, está pelando é um porco meu irmão estar limpando o teu nome... abestado, deixa uma mulher rica, para vir viver com uma lascada e fudida como esta aí sem futuro e ainda furada pelos outros, puta réia; você é um tolo”). Um dia eu cheguei na casa da minha sogra e ela perguntou se o João já estava trabalhando, eu disse que não, aí ela disse: - Besta ele se for trabalhar, se estragar, tem que ser é assim mesmo para a balança ficar igual, ele limpou o seu nome aí fica tudo certo!!!
Eu nem ouvia nem via nada. Eu respeitava a minha resolução de ter feito esta escolha de ficar com o João, afinal de contas estava valendo a pena eu o amava muito e tudo na vida tem um preço. Eu estava feliz. A nossa primeira noite eu lembro como se estivesse vivendo agora. Nos ajoelhamos, rezamos um pai nosso, pedimos a Deus que nos aceitasse como seus filhos, que iríamos procurar viver para servi-lo pois sabemos que ele nos colocou no mudo para fazer a sua vontade e que nos desse resignação, paciência, compreensão e enchesse os nossos corações de amor e perdão, por mais que nos humilhassem, descriminassem, o perdão fosse sempre maior do que todas as baixarias, picuinhas e maldades. Obrigada senhor! Deitamos e começamos a nos beijar, aquele jeito dele: simples, tímido, calmo, suave, meigo e lento calmamente nos encontrávamos. Quanto mais juntos ficávamos mais saudades sentíamos um do outro. Parecia que queríamos recuperar o tempo perdido, se eu soubesse que era tão bom, eu não teria perdido tanto tempo, meu DEUS! Como é que tu consentes tanto prazer, eu acho que é por que nós nos encontramos mesmo, é o côncavo e o convexo (parecia que DEUS queria compensar o que acontecera há alguns anos atrás, lembram...?)
Todas as noites conversávamos como se fizéssemos um balanço do dia. Quando amanhecia, nascíamos de novo sem ressentimentos. Como o sol...nós nos víamos muito pouco pois trabalhava os três expedientes. Após três anos de convivência é que passei a vir almoçar em casa com o nascimento da mina primeira filha. Quando elas nasceram eu já tinha comprado um apartamento e um carro. O João não tinha arranjado emprego ainda, mais estava abrindo seu próprio negócio, uma microempresa de prestação de serviços. Tivemos que vender o apartamento pois não dava para o João trabalhar dentro de um quarto. Compramos um terreno, o espaço ficou pequeno para a construção do ponto e da nossa residência, mesmo assim construímos e mais tarde compramos um terreno maior. Neste terreno fizemos uma casa muito grande e um ponto de comércio maior ainda, sobrando estacionamento para uns 15 carros.
Sofia lembra quando suas cunhadas, principalmente a Ivone viram a casa, ficaram muito surpresas, que agoniou-se perguntando quanto o irmão gastou para construir, achou que o irmão estava muito rico. Sentou-se e ficou olhando para o chão, muito triste, dizendo “meu Deus só eu que não consigo comprar minha casa...” fiquei preocupada com aquela reação dela, porque ficou tão deprimida?... Quando ela saiu, comentei com o João se ele havia observado alguma coisa sobre a irmã. O João disse que não e que eu não ligasse pra isso porque ela era assim mesmo.
Sofia fica pensando que aquela criatura que ela conhecia tão bem, pois haviam morado juntas no mesmo interior, estudaram no mesmo colégio e fizeram parte do mesmo grupo que era do Rotary clube de Novo Calvário, eu conhecera muito bem o seu caráter, é aquele tipo que sofre quando vê uma pessoa bem de vida e rir quando alguém se dar mal financeiramente. Ela aplica 171, e é famosa na cidade por ser velhaca e mentirosa, eu apenas estou repassando o que escuto, uma pena pois é uma mulher tão bonita, olhos verdes morena cor de canela, esbelta, muito elegante, cabelos castanhos, lisos, todas elas são muito bonitas e vaidosas.
Quando a Florinda falou que nós íamos pro hospital próximo a casa onde a Ivone esteve morando, um arrepio passou pela minha espinha, porque lembrei que era a casa a qual fomos os fiadores. Sofia lembra, quando ela chegando em sua casa procurando pelo João. Por ele não estar em casa ficou aguardando até sua chegada. O João não chegou, Ivone resolveu ir embora. No outro dia ela chega pedindo para sermos fiadores de uma casa. O João diz que não pode por estar com o nome no SPC (Serviço de Proteção ao Credito), Ivone reage afirmando que não é problema, pois tem amigos que logo resolvem, retirando o seu nome, enquanto dirigia-se ao telefone para fazer a ligação, na mesma hora o nome do João estava limpo. Pronto, se este era o problema, já resolvi, o seu nome esta limpo, disse ela. Vamos lá na casa comigo! João perguntou quanto era o aluguel, e ela disse que era barato. Fomos, ao chegar lá tomamos um susto pois a casa era uma mansão, uns 800 metros com piscina, sauna, etc. O João fica assustado dizendo “não Ivone isto é uma fortuna” .
- A Ivone diz:- barata meu irmão está muito deteriorada, vou gastar muito dinheiro pra ficar como eu quero, pois ela estava fechada há dois anos!!!
- Quanto, quanto é o aluguel , ele insiste, estressando-se....Ivone interrompe-
Calma meu irmão, o homem falou que é apenas quinhentos reais.Ele quer apenas que eu fique zelando ela ,entendeu? daí ser o aluguel barato...O João insiste –quanto tempo de contrato?
‘ -Foram trinta e seis meses.Sem deixar que ela terminasse: - João implora por favor são dezoito mil reais eu não vou poder pagar isto nunca minha Irma, não vá fazer uma coisa dessas comigo... E eu só observando o clima, senti que pesou, que pena assinamos com tanto prazer, eu não, eu estava constrangida, oprimida porém senti prazer porque estava agradando ao meu homem querido.É aquela questão ser ou não ser...
-Voltamos para casa, o João muito preocupado não parava de analisar a Irmã querida, que não aceitava uma mansão daquelas ser apenas o preço que ela disse e tal e tal, eu calada já tinha feito a besteira mesmo, daqui pra frente era só suportar o que viesse pedindo muita força a Deus.
Florinda continua dirigindo, já encontrava-se mais perto do que longe, mais eu não parava de recordar parece que melhorava aquela ansiedade, conversar com aquela criatura não fazia sentido era muito monossílaba eu ia ficar muito pior, chegou a hora de precisar de mim até que enfim eu lembrei de eu.... Lembrei de quantas vezes conversava com o João sobre a responsabilidade que tínhamos agora,pois tínhamos duas filhas para criar, nós precisávamos mais de esquecer os parentes e dedicarmos a nós, ele não entendia isso, ficava zangado, parecia que não havia cortado o cordão umbilical.Era tão esquisito,para os outros irmãos ele colocava dificuldades, as vezes até pra própria mãe e pra esta Ivone ele dava até as calças.Não era só ele, todos viviam em função dela, a matriarca só ficava contente com aqueles que agradassem a ela. Era então um descabelamento competitivo para ver quem ficava mais querido pra senhora matriarca, que correria...
Lembrar do João é bom ele é carinhoso, durante todos estes anos nunca soube de qualquer traição era fiel pois nunca soube de absolutamente nada.Dai minha dedicação.Ultimamente estava gorda, mas o João apenas dizia – minha filha tá tão cheinha! mais continua sendo a mulher mais linda e gostosa do mundo.(O João era doido.E eu que achava a axila dele cheirosa.Nos éramos dois loucos um pelo outro).A Ivone chegou esclarecendo que ia colocar o apartamento dela para completar a renda, porque o João já havia descoberto que a casa era hum mil reais por mês o aluguel,ele não havia comentado comigo, fiquei só observando e pensando o quanto eles escondiam as coisas de mim, agora não eram dezoito mil eram trinta e seis mil.
-E como é este contrato, perguntei, ele disse feito em nome da Sebastiana a filha da Lívia(a Irmã mais velha dele), com uma renda falsa de cinco mil reais, já passou na imobiliária agora vamos ver se vão passar é o nosso nome como fiadores.
Eu ficava pensando nas palavras de sua Irmã mais velha a Lívia –meu irmão não entre nessa ela não vai pagar um mês de aluguel, a oura também fez a mesma coisa a Florinda avisou com todo o carinho que tinha pelo irmão sem falar em mim que não parava de alertá-lo implorando até para que ele não entrasse nesta fria pois ela não deixa de pagar uma conta aqui outra acolá não, pois isto é comum acontecer com todos nós, ela não paga é porque não quer mesmo,e ele não entendia.
Quando o João chegou eu ainda tentei dar a última cartada pedindo:
-Meu filho tua Irmã vem amanhã para assinarmos a proposta, por favor mim escuta, não vamos assinar já começou mal(mau) com mentiras, você tá cego João?.Deixe comigo, quando minha mãe ver a Ivone dentro de uma mansão daquelas e souber que foi eu que ajudei as coisas vão melhorar para nós, ela pode pagar, a confecção dela está indo muito bem, ele argumentava todo vaidoso. Eu abria minha bíblia e meditava nos salmos 38,40 e 91, pedindo ao Senhor que não nos deixasse fazer o que não fosse do agrado Dele, eu era consciente que nós estamos aqui para fazer a Vontade Dele.Quando ele mim via assim ai se aperreava todo, logo combinou que íamos inventar qualquer desculpas para não assinar.Fiquei tranqüila fomos dormir.
-Eu confiei.
Sábado, ela chegou, entrei fui meditar nos salmos, enquanto isto ele ficou com ela.Ao chegar na sala ele me chama dizendo – aqui minha filha, olhe apontando com o dedo indicador NO PAPEL, eu já assinei, acrescentando você assina a cima da minha assinatura porque você é a fiadora que tem renda declarada. Quando eu vi a assinatura dele eu resfriei, sabe assim como se tivesse engolido um copo de gelo rasgando meu esôfago, olhei para ele e naquele momento eu vi que ele não é e nunca foi meu amigo ou me considerou como família dele, não, eu nunca fui nada para ele,apenas eu vivi este sonho sozinha eu era apenas um depósito de esperma, um bidê, senti em fração de segundos que dezesseis anos e nada são a mesma coisa, um vazio, um zero a esquerda, enfim , um nó na garganta, era como se ele estivesse assinando o nosso divórcio um cheque mate, ai eu duvidando perguntei você já assinou?...e ele respondeu, como se fosse outra pessoa e não aquele homem que eu tanto confiei, achando que era meu amigo.
-Já. Assine aqui também – ordenou- cheio de “moral” era a sua Irmã, -eu pensei - eu vou assinar,!”E VEIO no meu pensamento aquela sensação esquisita dizendo agora ele vai saber quem é a queridinha dele. Saíram os dois conversando como se fossem amigos, são irmãos, e de sangue, sangue para alguma missão estão nesta terra, só Deus sabe.
Fui para o banheiro, só sabia fazer minhas orações lá. O João entra todo desconfiado perguntando friamente se estava tudo bem (ele acabara de destruir meus sonhos de dezesseis anos),eu fiquei só olhando.Ele preocupado, pois conhecia muito bem o meu temperamento, esclarece que resolveu assinar porque devia muitos favores a ela e que eu procurasse entender; e eu só me sensibilizei mais quando ela se prostou de joelhos, ai eu não agüentei ver minha Irmã assim. Permaneci calada. Que diferença faria eu falar ou não?... ah! Tem que ficar de joelhos...
Alguns dias depois ...
O João chega em casa dizendo que a Irmã havia dado uma mesa muito bonita e cara de mogno. E que ia pegá-la.
O João entra com o presente que o meu sexto sentido avisou que iria sair por um preço altíssimo, pois aquilo não era um presente...
FEVEREIRO de 1997.
A imobiliária liga avisando que o meu nome não passou porque a renda não alcançou o teto exigido por lei e que era preciso arranjar outra renda pois a inquilino já se encontrava dentro da casa. Eu perguntei sobre o contrato que havia sido assinado se tinha que ir na imobiliária resgatá-lo,a telefonista afirma que não seria necessário porque não foi aprovada a proposta por si é destruído. Confiei...mais uma vez.
O João chegou eu expliquei para ele. Ele ficou todo contente,- ficamos livre, afirmou mais uma preocupação a menos...
A Imobiliária liga novamente explicando que o apartamento que a inquilino a dona Sebastiana havia colocado para complementar a renda também não passou porque o proprietário(este senhor era um dos ex-esposo da Ivone)não aceitara a inclusão pois não queria seu imóvel comprometido.Eu perguntei pra moça se não estava havendo um engano pois já haviam ligado para mim dizendo que eu não era fiadora por não ter passado o cadastro.A moça pede desculpas e desliga. Mas eu fiquei encucada, por que ligar para mim novamente, algo mim dizia que estavam tramando, não sei o que, mais tinha uma coisa errada...
Sofia volta a realidade, sacudida por uma freada brusca, Florinda parou o carro desviando de um embriagado que de repente atravessava a pista calmamente em seu cambaleado...
O silêncio permanecia entre as duas.
As lembranças voltavam fortes nos pensamentos de Sofia.
“Passaram-se março, abril, maio, junho,chegou uma cobrança da imobiliária. Entreguei para o João. Ele disse:
-Como é que pode!Nós não somos os fiadores.Eu vou falar com a Ivone, ela sabe o que esta acontecendo.
O João chegou dizendo que ela dissera que fora erro do correio.E por isso ficou. Eu não dei mais um "pio" a respeito deste assunto, que diferença faria! Nossas vidas depois disso passou a ser vivida com uma indiferença muito grande, o que ele falava e nada era a mesma coisa, eu não acreditava em nada, apenas mantinha aquele cuidado com a saúde dele, enfim é o pai de minhas filhas e eu amava muito aquela criatura.
Passaram-se junho, julho, agosto, no dia 23 de setembro uma senhora chegou lá em casa, se identificando como uma oficiala de justiça. Ela entregou uns papéis e disse:
-Isto é uma execução por falta de pagamento do aluguel de oito meses de uma casa que os senhores foram fiadores e já com uma ação de despejo.
-O João disse: está havendo um engano. Nós não somos os fiadores.Nossa renda e os documentos não passaram, a imobiliária não aceitou.
-Tudo bem cidadão, a execução está sendo respaldada pela assinatura dos senhores, não importa renda ou documentos. E o João perplexo indagou:
-E daí? Não temos como pagar, nada.Eu já estive lá agora há uns dois dias com a minha Irmã e ela me explicou tudo, que eu não me preocupasse que já estava tudo resolvido com o dono da casa.Leve estes papéis para ela.Eu não quero nem ver isto.A oficiala novamente disse:
-Calma cidadão, eu já venho da casa dela.Eu já estive com ela, há uns seis dias!-Foi dia 17 agora –pensou hoje são 23, isto mesmo,olhando em volta e para nós dois , curiosamente, ela disse:
-Estou observando que os senhores não tem experiência da “fria” que entraram, se soubessem não teriam entrado. Estou certa? O João verdadeiro ou não, estava nervoso, disse:
-Claro nunca fomos fiadores de ninguém.
-A oficiala admirada disse: ela é sua Irmã mesmo?,desculpe-me mas estou observando que os senhores não entendem de lei...o João impacientemente interrompeu, dizendo:
-Fale minha senhora, fale deixe de enrolar.A oficiala continuou cheia de escrúpulos:
-Por favor eu quero pedir a discrição dos senhores(nós apavorados consentimos com a cabeça),no dia que estive lá na casa com sua Irmã ela pediu para eu não vir em sua casa, dizendo ela que o senhor não entendia de lei e que ia ficar muito assustado e ela queria poupar o senhor disto.Eu disse para ela que não ia poder fazer isto.Ela a sua Irmã ficou muito nervosa e me ofereceu um...para que eu não viesse em sua casa por hipótese alguma. Eu não aceitei, a minha obrigação era fazer o meu trabalho sem propina.
Eu não entendi nada e notei que ele também não entendeu nada.
-O João perguntou:-e daí minha senhora, o que significa o que a senhora disse?
A oficiala deu um leve sorriso e disse:
-Ora meu senhor a sua Irmã quer que a execução vá a revelia(nos olhamos mais admirados ainda sem entender) e o João perguntou:
-E o que diabo é ir a revelia?A oficiala explicou: -os senhores tem quinze dias a partir de hoje para recorrer, senão vai a revelia.Indo a revelia, os senhores tem que pagar,a policia vem e leva o que vocês tem até dar o valor da execução.Se o que os senhores tem não der para cobrir o valor da execução, a casa vai a leilão, ou tomam o carro,sem pagar é que não fica, entenderam?Eu aconselho que não deixem ir a revelia, ficará com certeza mais em conta para os senhores, constituam um advogado façam a destituição de fiança é um direito que assistem aos senhores, já estou sabendo que não é no nome dela o aluguel, então pra ela é indiferente ela vai ficar mesmo dentro da casa ela não existe para a lei entenderam? desculpem mais uma vez e boa sorte.
O João não acreditou em nada, foi falar com a Irmã. Eu fui trabalhar.
Quando cheguei ele não havia chegado ainda.Fui banhar minhas filhas aproveitando o pouco tempo que ficávamos juntas era muito precioso aqueles poucos momentos, todos os dias estes poucos e mirrados momentos eram dedicados com tanto amor que eu sentia o vigor , as energias sendo recuperadas após um dia de três expedientes que sugavam até minha última gota de sangue e a alegria de ficar com minhas filhas naquele banho, naquelas músicas de ninar eram revigorantes, que pequenas para mim deixarem grande. O João entra dizendo que sua Irmã havia dito que aquela execução não tinha valor nenhum pois na terceira página havia um carimbo no roda pé em letras de forma SEM EFEITO. Tudo bem pra mim tanto fazia,o que importa a minha opinião, pra que ele me contava as coisas eu não sei, ele devia era ir ficar com ela,( só pensava), não tinha coragem de dizer isto a ele,era muito forte o que eu sentia por aquela criatura. Fui para a cozinha preparar o jantar do meu grande amor.Ele chega por trás de mim e diz , parece que você está com a razão a minha irmãzinha é cafajeste e eu já liguei pro advogado ele vai me dizer que diabo ela realmente esta fazendo comigo.
Já passavam das onze horas da noite, quando o advogado chegou. Ele era jovem muito brincalhão, harmonizava bastante o ambiente, descontraído como sempre brinca com o João quando conclui a leitura da execução dizendo que p...e r... são estas meu chapa que fizeram isto contigo? O João muito encabulado disse e uma Irmã e uma sobrinha.- Eta meu chapa faz uma transfusão, que isto aqui é coisa de bandido... O João muito sério pede para o advogado parar e dizer o que é que tem que fazer com uma situação destas. O advogado fica também muito sério e diz:- a saída aqui é você fazer a destituição de fiança a inquilina que é a tua sobrinha vai pagar trezentos e cinqüenta reais e vocês dois vão pagar hum mil e quatrocentos e cinqüenta e sete reais e vinte centavos, ficam livres a partir da entrada na justiça deste aluguel, irão pagar os retroativos,que já são uns oito meses de atraso com mais honorários multas irão somar uns nove a dez mil reais,ai João você não paga estes retroativos, apenas o nome de vocês vão para o SPC E SERASA por uns cinco anos e a conta se resume em apenas estes valores da destituição entendeu João? fica bem mais seguro por que você não deixando ir a revelia a lei não pode te enquadrar no que ela bem quiser pra levar tua casa a leilão, tomar teu carro e fazer um despejo de tudo que vocês possuem dentro de casa, vocês ficam respaldados e não irão pagar mais nada só os embargos, certo? O João ainda inseguro:- diz: e este carimbo sem efeito ai? - que ela disse que é a execução que não esta mais valendo de nada.O advogado diz: - João é a data que esta sob o carimbo, apenas isto, quer deixar ir a revelia? Deixe, eu só faço o que o cliente quer, eu não forço a nada tá meu chapa!-João diz: - tudo bem, tudo bem eu vou ter que dar um basta nesta sacanagem.Saíram conversando sobre as últimas ações a ser tomadas que eram as procurações.Ele acompanha o advogado até a saída se despedindo e agradecendo, já eram quase uma hora da madrugada. O João entra dizendo que ia viajar pra Novo Calvário pois a inquilino oficial morava lá com a mãe e ela precisava assinar a procuração,”eu sei que vai ser muito complicado não vão entender nada, mais eu vou,”concluiu muito preocupado.Fomos dormir.
A DESCOBERTA
O João foi para Novo Calvário, seus familiares moravam a maioria lá, o pai a mãe enfi,m, infelizmente as coisas aconteceram como o João havia pensado, seus parentes não entenderam nada, a sobrinha assinou a procuração, porém sob pressão e arriscando o pescoço, pois sua mãe deu um escândalo chorando e dizendo que o João parasse com a confusão não colocasse a nossa Irmã na justiça, pois ela não vai deixar assim sem retorno, ela afirmava que evitasse, porque a Ivone tem uma gangue perigosa, “pare meu irmão com isto, é melhor você pagar o aluguel dela e evitar coisa bem piores, você não tem noção do que ela é capaz, ela é sem limites João, pelo amor de Deus...”O João contou tudo para me", tudo isto muito assustado, sem que desse tempo eu falar alguma coisa, o telefone toca ,o João atende e era a outra Irmã dele, também muito preocupada e, assim no outro dia quando chego do colégio, estavam lá em casa a Florinda, a Lívia, a Lavinha e seu esposo, o Jesus e o Estevão , todos bastante preocupados, a Lívia chorava muito, e o esposo da Lavinha contava como funcionava a gangue dela, o carro era roubado com placa clonada, os cartões de crédito eram todos de limites com mais de vinte mil reais também clonados e que o chefe ia preso não passava vinte quatro horas preso já era liberado com um habes corpus, pois era muito bem quisto dentro da policia, na frente da casa dele era cheio de viaturas depois das zero horas, iam receber as propinas, o chefe como era chamado mexia com lavagem de dinheiro, drogas, caça niquens, aquelas máquinas de jogo fora da lei, enfim era um fora da lei...
Quando todos saíram ele disse: - meu Deus onde nós entramos e agora? já demos entrada, já entreguei as procurações ao advogado e eu disse “e o dinheiro que já pagamos”, bem que eu te disse, venda o carro e pague isto, ah! O que eu digo e nada é a mesma coisa – acrescentei muito preocupada com minhas filhas, elas eram tão pequenas ainda.O João diz:
-Eu não vou me entregar não, ela agora vai ver que mexeu foi com um homem, comigo vai ser o fim desta senvergonhice, sim, ainda tem mais, disseram que este carinha que ela arranjou agora é muito perigoso vende solda roubada do Belém do Pará....
O João achou pouco o que já havia feito, ai inventou de investigar a vida da Irmã por conta própria,vai no DETRAN e descobre que realmente o carro tem a placa clonada, ele vai na casa dela pra tomar o carro, enfim o meu querido marido fica louco de vez.Ele entra em casa desesperado dizendo que ia matá-la e, sempre a Florinda encontrava-se lá em casa e, ouvia e via tudo, procurávamos acalmá-lo mais nada deixava-o calmo, era preocupante o estado dele , muita revolta. Aumentando mais, porque ela não abria mais o portão da casa dela para ele, e não recebia-o mais, ele chegava contando que encostava o carro bem perto do muro e subia em cima do carro, para alcançar o muro e, via os carros na garagem e ninguém atendia.
A situação chegou realmente aos extremos, ele estava sofrendo demais, a noite quando ia deitar , não conseguia, ficava sentado com os joelhos apoiados nas coxas segurando a cabeça e chorava muito, aquela cena mim deixava profundamente chocada, eu sem poder fazer nada para fazê-lo sentir-se melhor acompanhava-o chorando também.
Dia 18 de dezembro fizeram uma festinha era o meu aniversario.
Não bebi nada, não comi nada sabe aquele nó na garganta, não dava para descer nada.Não demonstramos nada para ninguém, foi melhor assim,sempre fica só aquela especulação, ajuda de verdade é muito pouco e para evitar mais constrangimento ficamos calados.Por volta das duas horas da manhã deitamos, ele ficou acordado eu fingi que estava dormindo, só observando o que ele iria fazer ,ele senta na cama e fica de joelhos parece que rezava, pelo menos a posição era para isso, enxugava o rosto com certeza ele estava chorando, pude sentir naquele momento o quanto estava sofrendo não era por dinheiro, tenho certeza era a dor da decepção, seu emocional foi quebrado...É uma dor muito grande pelo menos para quem tem sentimentos, vergonha, respeito, enfim tem caráter é uma pessoa do bem, que só se preocupa em fazer aos outros o que quer receber ou fazer para si mesmo.Depois ele levantou e saiu andando pelo quarto abriu a gaveta de suas bermudas trocou pegou a chave do carro e saiu, enquanto isso eu mim levanto e corro atrás dele já o alcanço abrindo o portão de frente da casa, entro no carro, ele roda, roda sem destino encontrávamos calados,por todo o trajeto que percorreu, não trocamos nenhuma palavra, silêncio absoluto, eu só não queria deixá-lo sozinho, eu queria pelo menos ficar perto dele naquele momento que estava tão angustiado...
Voltamos para casa, ele deitou-se e eu rezei o pai nosso notei que dormiu um pouco pois logo amanheceu e ele ia trabalhar estava sentando um portão automático de alumínio.Era uma sexta-feira dia 19 de dezembro, meu dia encontrava-se cheio de confraternizações de Natal nas três escolas que trabalhava,estou me arrumando quando ele entra no quarto e diz olha ai jogando uns papéis em cima da cama, eu pergunto – onde tu arranjou isto tão cedo?, ele disse:- é um oficial de justiça que está ai fora dizendo que ela desocupou a casa e isso ai é a execução dos meses atrasados.-e pede: -Minha filha por favor ligue para o advogado e comunique o que acabamos de receber e sentando-se na cama chorou, ele não conseguia falar porque chorava alto como uma criança, eu corri na cozinha preparei rapidinho um chá de camomila e umas gotas de passiflorine e levei para vê-lo melhor. Liguei para o advogado e ele disse “passe pro João” ele ainda chorando, mas ficou conversando. O advogado acalmou-o dizendo que não se preocupasse com isto não pois era só entrar com os embargos, fique tranqüilo.Realmente ele ficou bem e logo saiu para trabalhar.
Chegou muito tarde já passava das onze da noite, procurei saber se estava sentindo-se bem,respondeu que estava tudo bem e ia melhorar mais pois já estava tudo resolvido a Ivone saiu da casa mais a mulher do Estevão disse que sabe onde ela está, eu vou encontrá-la não adianta se esconder de me, eu vou matar ela ache ruim quem quiser achar, mais comigo é a última vez que ela apronta, você vai ver.
-João nossas filhas homem de Deus esquece esta besteira pelo amor que tu tem a tua mãe, eu te imploro de joelhos já que é assim que funciona pra te não vai procurar ninguém não que procurar uma casa em Fortaleza sem saber o endereço é a mesma coisa de procurar uma agulha num palheiro, para com isto, deixe de ser tolo, pra que esta coragem toda, vamos dormir que é melhor. Eu já não agüento mais esta tua tolice toda, para, para pelo amor de Deus entendeu?, eu vou embora, já compartilhei demais de tudo isto, escolha ou eu ou ela , você quer fazer o que ela quer então vá morar com ela, eu e minhas filhas vamos cuidar de nossas vidas, chega homem.
Dia 20 de dezembro, sábado, foi concluir o serviço que estava fazendo, um portão de alumínio automático, ele sempre andava com um especialista em colocar o automático que era o Brandão um jovem muito inteligente que era agente da policia civil e nas horas vagas trabalhava com o João.Fiquei até mais tranqüila quando o João chegou com ele pois não ia sozinho, sei lá , eu estava sentindo um medo muito grande, um sentimento esquisito não sei... uma coisa que nunca havia sentido, algo de muito estranho, como se estivesse em câmera lenta, acho que era devido as preocupações...
Durante todo o dia ele passou entrando e saindo em casa, demorava um pouco entrava novamente, esquecia uma ferramenta uma máquina e tal, até que por umas duas horas da tarde a Florinda chega e logo em seguida ele também, ficam os dois conversando e eu arrumando a roupa e os sapatos dele que ia usá-los no natal, as meninas brincando e tudo parecia que estava tudo bem. Quando ele me chama e diz:
-Sofia pegue a execução de ontem, eu vou levar agora para o advogado.Eu perguntei:- você já almoçou? vá tomar um banho e troque esta blusa, vai sentir-se bem melhor. Ele insiste: – vá pegar a execução, mulher.... Eu saio e deixo-os na sala sentados no sofá, vou pegá-la no quarto.De volta ao chegar na porta que dava para a sala observo-os conversando muito baixo, quase cochichando de frente para o outro olhando-se muitos próximos,dou um pé pra trás e tento ficar ali para ver se conseguia ouvir alguma coisa, nada, porém senti uma coisa muito estranha como se fosse um complô, algo assim que estavam tramando, querendo esconder de me, sai de uma vez que assustaram-se quando me viram, logo afastaram-se um do outro, ai eu disse: –o que houve? , atrapalhei algum assunto que não posso saber?, não tem problema, já vou me retirar.Ele disse:- não minha filha eu já estou de saída,por volta das seis horas da noite estou chegando, não se preocupe, passando a mão em minha cabeça carinhosamente.
O DESESPERO – hospital
A Florinda chama Sofia. Avisando que haviam chegado no hospital.
Sofia estava com a cabeça encostada no banco do carro, com os olhos fechados, até o último momento fugiu do que ela não sabia . Florinda insistiu dizendo:
-Sofia, por favor chegamos , levanta mulher, dando a mão...
-Já vou- espera só um pouco... Sofia pede...
Sofia foi abrindo os olhos vagarosamente e fazendo força com os dois braços para trás no banco do carro, ficando sentada colocando as duas pernas para fora e olhando em volta:”o irmão do João se aproxima –oferecendo a mão para ajudá-la a descer do carro, - ela recusa. Depois ver a esposa dele e ver outro rapaz que sua cucunhada lhe apresenta como irmão . Sofia sai do carro e fica em pé – o irmão de seu esposo vem ao seu encontro abraçando-a “desesperado”. –Sofia procura se afastar daquele abraço, precisava olhá-lo de frente e entender... entender o que estava acontecendo.Ela sempre achou aquela galera muitos maquiavélicos, cheios de subterfúgios, gostavam de fazer testes para ver a reação das pessoas, enfim humor negro de péssimo mau gosto...
Sofia olha para todos que se prostaram em sua frente e pergunta:
-Onde esta o João – ele está aqui? Eu não via nada só um estacionamento enorme e os canteiros cheios de grama e árvores muito bem tratados, formando muros vivos sem dar noção que houvessem ali lugares para internar doentes enfim onde estava o hospital, perguntei impaciente. Olhei impaciente para o rapaz que acabara de conhecer, pedi que me dissesse onde estava o João e o que estava acontecendo- fiquei olhando bem em seus olhos, ai vi, sem que fosse necessário falar nada, que o meu João não se encontrava mais entre nós.Não pude me conter – a minha boca se abriu como a parede de um açude que arromba e derrama voluptuosamente suas águas.Assim foi o meu grito de dor nããããããããããããããããããããããoooooooooooooooooooooooooooooo.......
As enfermeiras levaram-na para dentro do hospital, aplicaram injeções, ficou em estado de choque, só perguntando encontraram ele aonde, encontraram ele aonde e ninguém nada diziam. Gritava, gritava e ninguém nada dizia, “eu quero ver o meu marido”. A Custodia, Lavinha, Lívia, Florinda, Jesus e o Estevão, apenas olhavam, ai veio uma assistente social que leva-a para seu gabinete, ela não podia ir olhar o seu marido era preciso que se acalmasse, pois encontrava-se na pedra e estavam fazendo limpeza, pois o corpo estava muito machucado, com escoriações e hematomas defecado e urinado.
Após um bom tempo, quando os calmantes começaram a fazer efeito, levaram-na para vê-lo. Já encontrava-se vestido de paletó, a funerária já havia trazido o cachão, enfim os irmãos já haviam resolvido tudo, a Sofia quis despi-lo dizendo eu quero ver o que fizeram com ele, e perguntava beijando-o todo por que você não mim ouviu?
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Seu irmão retira-a de sobre aquele corpo frio e inerte e leva-a para fora do hospital. Ela quer correr gritando, eu preciso saber onde ele estava, seu irmão consegue contê-la. A esposa do Estevão chega e diz :-ele foi encontrado numa calçada....O corpo sai numa funerária e ao sair do estacionamento do hospital é colocado numa D-20.Esta D-20 era o transporte no qual seus irmãos levaram o corpo do João para o interior onde moravam.
Sofia entra no carro com seu irmão e vem para sua casa, precisava conversar com suas filhas.
Ainda estava escuro, talvez umas três para as quatro horas, foram as quatro horas mais tolas que já vivi nesta encarnação, tenho certeza, pois não evolui em coisa nenhuma, e o que eu estou sentindo agora, quem sabe com o tempo eu poderei entender para que tanta violência tanto desamor, tanto amor doente que é o ódio, que pena...Minhas filhas(penso), entro em casa e elas ainda dormem, deito um pouquinho com elas abro minha bíblia, respiro fundo e inicio a leitura do salmo 38, ali sinto que o alimento fluídico positivo me revigora me abastece e me liberta desta angústia que parte o meu coração e a minha razão. Este é o verdadeiro sustento o verdadeiro alimento, aquela sensação de paz vai invadindo o meu ser como um bálsamo, meu cérebro já se encontra preparado para encarar o que vem: a Marcela(a mais nova apenas dez anos),vira-se na cama e me ver- assusta-se balbuciando- mãezinha! E ai o paizim ta lá fora?,levantando-se quase correndo.De um pulo alcancei o seu braço e digo –calma minha filha, espere só um pouquinho.Ela olha para me curiosamente dizendo –eu sei que ele chegou, ele ficou no hospital,-confusa me abraçando.Ficamos ali abraçadas por um tempinho, ela diz:-fala mãezinha,o que houve... Ian, Ian olha a mãezinha.A mais velha acorda a Samanta(a mais velha apenas onze anos), senta na cama e pergunta o paizim tá bem? e a senhora parece que chorou?... – o que houve mãezinha olhando para mim e pegando com as duas mãos no meu rosto, fala por favor?Eu tinha que ser muito forte, meu Deus por favor Tu está comigo tenho certeza, rezei um pai nosso, enquanto a mais velha insistia eu quero o meu pai.
-Minhas filhas o pai de vocês não está bem.
-Ele tá aonde? no hospital? a senhora disse que ia pro hospital, retrucou a Samanta.
-O carro virou, foi mãezinha- afirma a Marcela.
-Calma minhas filhas, vamos precisar de viajar para Novo Calvário.
-Viajar?! as duas repetiram juntas, espantadas olhando uma para a outra.
-Ele tá lá?!. Perguntaram admiradas. A Marcela acrescenta:- os hospitais de lá são melhores?
-São hospitais e são iguais em qualquer lugar...respondi. Samanta sensivelmente contemporiza:
-Mae, não enrola diz logo o que houve, eu já estou desconfiada(Samanta muito viva),encontraram ele lá?, foi isto que aconteceu!
-Não, encontraram ele numa calçada, respondi procurando o mais possível passar tranqüilidade com a Marcela deitada em meu colo,e a Samanta sentada em cima da cama quase em minha frente.
-Calçada!! As duas repetem, muito admiradas- aonde? ...
-Não sei, não disseram.A Samanta olhando para me gesticula com os lábios a palavra “morto” estava apenas poupando a Marcela, porém a menina entendeu tudo.Jogou-se ao chão como se mergulhasse numa piscina gritando eu quero o meu pai já a Samanta debruçou-se ao travesseiro e abafava com o mesmo sua boca em prantos. Eu corro na cozinha(a casa encontava-se cheia de gente) coloco passiflorine num copo d'água e levo para minhas filhas, não queriam beber, até que com muita paciência elas foram conseguindo engolir, o remédio bem entendido...
Nos arrumamos e viajamos para Novo Calvário. A viagem era longa e aquilo fazia com que eu me entregasse as lembranças, entendendo que toda causa tem um efeito, enquanto um não tem cura o outro também não se acaba e não é só isto os retornos, algo de muito cruel eu fiz para estar passando por esta dor tão grande.Eu não posso culpar ninguém de nada, pois nunca me enganaram sempre demonstraram que nunca me suportaram, elas realmente nunca foram falsas, eu é que mim iludi sempre com a esperança de que quem sabe poderia com o tempo eles fossem mim aceitando...
A palavra só é usada quando a intenção é enganar maquiavelmente e detonar alguém e nunca para consolar? desfazer o erro? reconhecer humildemente a maldade feita e pedir perdão? se redimir com o interior cheio de vontade do bem, sem subserviência, mais sim com o coração cheio de discernimento da culpa que não é tua, e sim exclusivamente do eu de cada um de nós.Não culpar ninguém, é difícil, ninguém assume nada. Todos somos os santinhos do “PAU OCO”. Estes tipos de homem que nunca assumiram suas mulheres, são só as mulheres que assumem seus homens, que loucura, é um devaneio, nós mulheres precisaríamos sermos mais inteligentes e mais unidadas, pois quem sabe chegaríamos a conclusão que estes tipos de homens não deveriam serem assumidos, são muito bons para divertimento, pois sinto o tanto que fui inexperiente e tola, pois eles nunca mim enganaram eu forcei a barra assumindo um homem o qual tiveram que eliminá-lo e só assim o cordão umbilical ir junto, já com quarenta e oito anos, mais velho do que eu três anos, que pena meu camarada, companheiro de jornada, afinal de contas foram quatorze anos de namoro e dezesseis de casamento,o que ficou de melhor de tudo foram meus filhos, um faleceu que pena!Quem sabe esteja melhor do que eu, ou já esteja nesta terra de expiação cumprindo outra missão, já bem mais evoluído, com certeza o amor irá nos unir em qualquer lugar .
Entre um cochilo e outro Sofia não deixava sua mente parada, não podia pensar besteiras ela só queria construir, sua mente tinha que ser alimentada pelos fluidos positivos e assim ia recordando os anos que passou na faculdade, naquela pensão, foram os melhores anos de sua vida. Estava se recuperando de tanto sofrimento, que seu coração encheu-se de esperança, como está agora.Aquelas brincadeiras sem maldade do Valdi tocando violão e a galera cantando, do grupo sentado no fundo da sala fazendo zona, Sofia chutando a carteira da Margô a magra (seca do 15) em dia de prova, para ela passar cola, a Vil fazendo xixi na calça quando não conseguia parar de rir, a Bernadete a gorducha sempre fazendo palhaçada, a Lourdes apaixonada sempre falando do amor, a Dil quase com seus quarenta anos coberta de cremes para manter pele macia de garota, esperando seu príncipe encantado. Os nerds, os cdf, os professores, a viagem ecológica-histórica para as sete cidades no Piaui, aquele banho na piscina térmica feita pela própria natureza, aqueles rochedos enormes formando bibliotecas, máquinas de costurar, arco do triunfo, o mapa do Brasil, a estátua de D.Pedro II, os três reis magos, enfim barbaridades fantásticas, realmente eram deuses os austronautas!A quantos quilômetros estávamos da praia de Terezina, uns cento e cinqüenta quilômetros e era como se estivéssemos na beira da praia: a mesma areia,o material do rochedo era o mesmo, o professor explicava que há mais de dois mil anos ali era tudo coberto pelo mar.O mundo roda em todos os sentidos, principalmente na geografia que mostra tudo isso. E na historia!? Quem sabe esta que Sofia esta contando(...) e uma história de amor que talvez complemente o sofrimento que alguém deixou de sofrer, ou a alegria que alguém deixou de viver em outras encarnações e que voltando não irão parar a evolução que Deus exige de cada um de nós para completar as voltas necessárias que deverão serem dadas para chegar a perfeição.Tudo é infinito:”não importa se é homem ou mulher, branco ou preto, magro ou gordo, rico ou pobre, feio ou bonito, judeu, muçulmano, homossexual, espírita, alto, careca, gago, anão, adotado, aidético, fanho, cego, moco,corcunda excepcional, vesgo, inteligente, olhos azuis, olhos puxados, palestinos árabes, comunistas, socialistas, capitalistas, superdotados, hemofílicos, miseráveis, travesti, sem-terra, mexicanos, empregados, patrões,prostitutas,enfermeiros médicos, padres, pastor, novo, velho, ateu, tatuado, tuberculoso, aidético,hanseníase, com síndrome de daw, mutilados, deficientes físicos, ignorantes, depressivos, com síndrome do pânico, machão, cornos, barriga branca, professor, sogra,nora, cunhados...
O que importa é que querendo ou não, ninguém deixara de fazer parte das voltas que o mundo dar, porque Deus fez tudo redondo, para um dia não importa quando todos se encontrarem. Encontrando para reparar o bem ou o mau que guardamos, fizemos, divulgamos, evangelizamos, doutrinamos, vendemos, compramos,distribuímos, comemos, vomitamos, fabricamos, enganamos, decepcionamos, enfim nenhuma virgula deixara de ser cumprida, exigida e cobrada, não por Deus mais sim pelo livre-arbitrio, que nós não soubemos usá-lo.
Sofia vivia tudo isto, ela não soube usar o livre-arbitrio ou o destino obrigou-a a passar por isto.Existe o destino, a fatalidade, ou nós vemos o perigo e apenas brincamos com nossas vidas, achando que “brincar com fogo não queima”!SOREN KIKEGAARD escreveu: rir é arriscar-se parecer louco.Chorar é arriscar-se a parecer sentimental. Estender a mão para o outro e arriscar-se a se envolver.Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor seu eu verdadeiro.Amar é arriscar a não ser amado.Expor suas idéias e sonhos ao público é arriscar-se a perder.Viver é arriscar-se a morrer.Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção. Tentar é arriscar-se a falhar.Mas é preciso correr risco, porque é estar desperdiçando uma vida o não arriscar nada...Pessoas que não se arriscam, que nada fazem, nada são.Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza, mas agindo assim, não podem aprender, sentir, crescer, construir, progredir, mudar, amar, viver...Acorrentadas as suas atitudes, tornam-se escravas. Abrem mão de sua liberdade. Só a pessoa que se arrisca é livre.
“Arriscar e perder o pé por algum tempo.
Não arriscar é perder a vida...”
O João perdeu a vida!? Ou encontrou-a, sei lá, acho que para ele foi um grande alivio, ou um descanso talvez, “coitado” não sabia o que fazer não fazia pra ele e nem pra ninguém. Que o Todo Poderoso cuide de sua alma ou de seu espírito e o leve para bem pertinho Dele. A propósito foste um bom marido, um bom pai.Eu e nossas filhas te perdoamos, nós vamos sempre te amar demais.Quem sabe, ou com certeza te enconraremos numa destas voltas que o Universo dar, quem garantirá este fato é o amor que sentimos por você...
Legitima Defesa - quarta parte
A INESQUECIVEL CHEGADA
Sofia chega em Novo Calvário.
O velório estava sendo feito na casa de seu sogro. Sofia ao entrar é abraçada pelo sogro e sogra, ela diz:- minha filha, eu sei que estas sofrendo e a sua dor é igual a minha...(Sofia olha para o corpo de seu amado João, inerte naquele caixão e, sente uma dor imensa... e, reflete em uma pergunta que não quer calar):
Por que ele deu uma de corajoso? não entendia, com certeza seria melhor um covarde vivo do que um corajoso morto. Será que foi legítima defesa? ou será que ele foi assassinado?
Houve o sepultamento e todos foram embora para suas casas, o João (sua matéria)encontrava-se definitivamente em sua casa... Sofia queria ficar no cemitério, sua Irmã não deixa.
-Laura diz: - Sofia você precisa descansar, por favor, pelo amor de Deus eu não estou suportando te ver assim criatura, sabe! teu aspecto está parecido que já morreu também e, agora tua responsabilidade ficou maior ainda, pense nas tuas filhas, tu é o pai e a mãe agora entendeu?...Sofia satisfaz sua irmã:
-Tudo bem, tu está certa, eu estou exagerando...
Chegaram em casa.
O marido da Laura, o Leandro gostava muito do João, encontrava-se profundamente abalado com o susto, a tragédia, e muito intrigado com a história da calçada. Chamando a Sofia, diz:
-Abra o inquérito policial, esta conversa que encontraram o “compadre” numa calçada não dar para engolir, sabe comadre, do que você precisar pode contar comigo, eu pago, não quero saber quanto, pra ver este criminoso preso, foi crime, mataram o meu compadre. Lamenta consternado.
Isto aconteceu no domingo, no mesmo dia do sepultamento. Sofia não conseguiu dormir, queria viajar logo para Fortaleza, assim, já amanhecia o dia para ir falar com o delegado e dar inicio logo na abertura do inquérito policial, em primeiro lugar a força que estava recebendo era de Deus e agora acabara de receber a força material, moral do seu compadre, ele é rico, podia arcar com as despesas. Sua Irmã não deixa Sofia viajar. Ela se conforma mais uma vez e fica. Durante toda a noite passa muito mal, náuseas, falta de ar, angústia, muita dor, vontade de chorar, não conseguia era uma dor tão grande que não dava nem para chorar. Sua Irmã lhe dar um chá.
UM NOVO DIA
Amanheceu era o dia 22 de dezembro, o meu espírito de Natal era o da sexta feira santa, o da paixão de Cristo comparando mau, só muita dor...E uma sensação de destruição, de fracasso, e uma dor sem local, é como se o meu eu não estivesse comigo, a amargura, a raiva, o ódio, o desespero e a vontade de vingança, eram muito maior do que a falta que estava sentindo de meu marido, num momento daqueles o descontrole provocaria qualquer tipo de tragédia, mas eu jamais deixaria meu coração descontrolar minha razão, eu tinha duas filhas para criar e agora só era eu.
Sofia viaja para Fortaleza. Geralmente gente como a Sofia calma, discreta, educada, risonha, ria por tudo, era muito alegre e feliz. Todas as pessoas assim, simples ou são muito invejadas ou ninguém leva a sério, acham que não tem sentimentos, não ligam para nada, um jeitão desprendido de quem nada quer e nada pensa, todos queriam e tiravam um pedacinho e até um pedação...
A luta travada do bem contra o mau, instalou-se, ela enchia sua cabeça só de pensamentos positivos, mas gente como a Sofia se não houvesse este controle da Fé, poderia se transformar, muito pior do que o OSAN BIN LADEN seria insignificante, diante do monstro que se forma dentro de uma pessoa com tanta dor.
Já em Fortaleza, o telefone toca, Sofia pede para atenderem.
-Alo! Quer falar com quem!
Sofia é pra te, sua tia diz, entregando o fone:
-Alo,(era uma das irmãs do João).Ela disse:
-Sofia, eu soube que tu vai abrir o Inquérito Policial?
Vou,- Custodia, afirmei.
-Tu queres saber o que? eu liguei pro teu advogado e conversei com ele. Sofia contemporiza:
-Eu não quero saber de advogado, eu quero a verdade. E só vocês sabem, foram vocês que encontraram ele, morto. Mas ficam fazendo mistérios para uma coisa séria dessas, não querem me dizer nada, com omissão, estão se fazendo de inocentes, eu sei que vocês não são, então a polícia diz, eu vou descobrir o culpado. Está com medo, do contrário não vinha me procurar. A Custódia aflita afirma:
-Ele foi encontrado na calçada, tu sabe disso, criatura...
--Onde você está, aqui ou em Novo Calvário?
-Estou aqui em frente a tua casa.
-E você veio de Novo Calvário só para fazer uma ligação pra me? de frente da minha casa! Um, como as coisas mudam, de repente fiquei importante...é nojento, um dia é da “caça e o outro do caçador.”
-Por favor eu quero entrar e falar contigo pessoalmente.
-Tudo bem, mas eu quero o endereço dessa calçada, o bairro, a rua, o número, a avenida...
-E tu queres acreditar em que, deixa de ser ingênua, que a gente acredita é no que quer. E tem mais a mãe disse que não quer ninguém mexendo no corpo do filho dela. Quando ela soube que tu vai exumar o corpo dele, ela desmaiou e foi parar no hospital. Eu disse a minha mãe que a coisa pior que ela fez na vida, foi dar o filho dela a ti.
-Isto é peculiar Custódia, sua revolta e a de vocês todos é porque eu nunca me conduzi pelos caminhos que vocês queriam, nunca deixei que me transformassem em fantoches como fazem com todos do clã de vocês(casta), não sou falsa moralista e nem santa, mais enquanto eu reagi contra as sujeiras de vocês, íamos vivendo em paz, mesmo com todas as perseguições, só foi eu aceitar esta sujeira da sua Irmã, taí no que deu, eu tenho certeza que a morte do João tem a ver com esta maldade...
-Está bem, está bem, eu quero entrar... desligou o celular.
Sofia foi abrir o portão, Custódia nunca havia andado em sua casa. Da casa para o portão da frente são uns quarenta metros de recuo, quando Sofia chegou lá fora, Custódia, demonstrou que não gostou da demora. Após ser conduzida por Sofia até a casa, justifica encabulada:
-Pensei que havia demorado para me deixar esperando, nunca pensei que fosse tão recuada...Sofia enfática diz:
-Entra, senta e diz logo, sem querer me enrolar, estou cansada de tanta sacanagem...Custódia faz que não escuta e, com muito sarcasmo afirma:
-É, a casa é grande, a Ivone tem toda razão de querer tomar para ela, pois o João comprava outra para ele. Quantas tem dessas?
Sofia ficou calada, detesta humor negro.
Custódia sentou-se e disse:
-Primeiro sobre o caixão, estou te comunicando porque estamos fazendo uma cota entre os irmãos de cinqüenta reais para cada um.
-Deixe o caixão do meu marido que eu pago, apesar de não ter sido eu que pedi , vocês escolheram uma porcaria, vocês tem muito mau gosto, quem tem coragem de matar, mentir, roubar, não pode ter bom gosto.
Ela ouvia o que Sofia dizia, como se nada ouvisse, com total frieza e indiferença, era como se não ouvisse, estivesse literalmente moca, é uma cínica.
-Vai exumar o corpo do João?.
-Vou.
-Então vou embora, vim falar contigo para entrarmos num acordo e evitar mais sofrimento pros velhos, eles estão sofrendo muito, nós podemos aguentar, tuas filhas são muito novas e nós também aguentamos. Eu conto tudo o que houve se tu me der a tua palavra como não vai abrir o inquérito policial.
Sofia queria a verdade, ela não podia confiar nela, mas encontrava-se sem opção, pra saber o que houve e o que provavelmente ela iria inventar, valeria a pena dar a sua palavra. Antes que Sofia respondesse a Custódia acrescenta:
-Tu tens muito caráter, entrou lá em casa no dia do velório, abraçando a todos, como é que tu consegue ser assim? nós estávamos pensando que tu ia dar um escândalo chamando a todos de criminosos.
-De criminosos? – perguntou Sofia curiosa. –Como poderia fazer isto? se não sabia o que houve, dar escândalos num momento de dor, pra que isto? Vocês gostam muito de tirar os outros por vocês. As pessoas são diferentes, sabia? conta logo o que houve.- Sofia insistiu.
-O João foi encontrado na casa da Ivone , na piscina, todo urinado e defecado .O Estevão chegou e tentou ressuscitá-lo, ele ainda estava vivo.
Mesmo já desconfiando do que houvera,...O silêncio pairou entre as duas. Sofia não consegue pensar, nem falar , um entalo na garganta, corta sua voz, ficaram olhando uma para a outra... Até que Sofia consegue dizer; muito admirada, pasma:
-Piscina!? E para onde ela se mudou também tem piscina!!
-Se mudou? Custódia muito admirada pergunta, - o que tu está sabendo é que ela se mudou? Que conversa é esta, ela nunca saiu da casa que tu e o abestado do meu irmão foram os fiadores. O Estevão foi chamado de lá para levar o João ao hospital. Sofia indignada diz:
-E porque o Estevão mexeu no corpo, não era pra ter mexido, só eu podia resolver o que fazer com o rapaz.
- O Estevão disse que pensou em fazer isto, mas lembrou-se que era “um irmão e uma Irmã, todos dois filhos da minha mãe”, pegou o corpo e levou para o hospital. E continua, impaciente:
- E aí mulher? eu não quero saber de conversa, o Estevão não quer nem saber, ele quer é esquecer aquela cena, e ponto final, o teu marido não volta mesmo.
-Eu não posso esquecer disso, afirmei. Ela diz já dominando:
-O melhor que tu faz é esquecer, porque tu está vendo, teu marido foi avisado, não ouviu, brincou, com eles lá é assim, brincou dançou, meu irmão foi teimoso e se tu quiser terminar de criar tuas filhas é melhor tu não ver e escutar nada, um acidente numa calçada é só o que acontece toda hora , pensa mulher...
QUEBRANDO BARREIRAS
Dia 23 apenas três dias do falecimento de João.
Fui falar com o advogado, era preciso saber sobre os embargos, as execuções, os cheques...Ele pergunta se eu não ia processar estas criaturas.
-Como, doutor? a inquilino oficial, nós fizemos a destituição de fiança não é mais a inquilino, a Ivone que está dentro da casa, não existe para a lei, o que mesmo que nós vamos processar!
-É, faz sentido, é uma pena tamanha crueldade ficar assim sem ser feito justiça.
-Doutor eu queria um agente da inteligência disfarçado, para ficar por lá investigando, quem sabe se não conseguiríamos uma testemunha, aí sim valeria a pena abrir o inquérito, sem testemunho não adianta, é perca de tempo.
Sofia vai na delegacia e consegue contratar um investigador particular, ele não podia iniciar logo porque era época de recesso até fevereiro após o carnaval. Enquanto isto Sofia não podia parar, ela lia, procurava ler bons livros, que valorizassem sua auto estima, ela não podia e nem queria, que nada intimidasse sua vontade de mais uma vez dar a volta por cima.
Entre uns e outros, estamos com a nossa realidade individual, porque somos o que somos, a caminho do que devemos ser, conforme os padrões de Jesus. Sofremos por nossos amigos por não sermos a criatura ideal ou o tipo de perfeição que eles esperam de nós e sofremos com nossos adversários, porque, nem sempre, carregamos todas as imperfeições e perversidades que eles nos atribuem. Mas os Espíritos Benfeitores asseveram que devemos todos ter paciência uns com os outros, porque , um dia, chegaremos a vida maior, na qual nos amaremos mutuamente como verdadeiros irmãos perante Deus. Era o que sentia dentro do meu coração, muita dor e do tamanho desta dor um sentimento de covardia, ou de temor, não sei explicar, pois nunca fui cúmplice, mais assinei, acho que é isso, atribuiu esta minha omissão de que não deveria denunciar ninguém. Lembrei de Maria Dolores poetisa notável e obreira dedicada do espiritismo no Brasil, suas poesias eram para crianças menos felizes, as mais necessitadas:
CONFRONTOS
Tristeza oculta no peito
Tem a mania do cupim
Que, quando surge na casa,
O telhado esta no fim
Ciume ;(Deus me perdoe)
Parece em qualquer feição
Com jararaca enroscada
Por dentro do coração
Orgulho lembra o coqueiro
Que mais alto poe o cacho
Um dia o raio aparece
E o coqueiro vem abaixo.
Vaidade recorda a Ra
Que não vê a própria face
E pensa que o mundo inteiro
E a lagoa onde ela nasce
Mentira e igual ao macaco
Que come no pe de amora
Corpo escondido na rama
Deitando o rabo de fora.
Melindre parece a larva
Que cresce sem reboliço
E acaba matando a rosa
Sem que a rosa de por isso.
Maledicencia relembra
Um papagaio invulgar
Que tanto mais preso
Quanto mais sabe falar
Apego desenfreado
E igual a hera em ação
Que, aos poucos, abraça o muro
E atira o muro no chão.
Cobiça se bem comparo,
E assim como poço fundo
Que cabe, de ponta a ponta,
Toda a miséria do mundo.
(5)”Flores de Outono’, EDIÇAO LAKE l948, paginas 82 e83
“Palavras do Companheiro (os meus irmãos de Pirapitingui)”Peço licença para escrever estes versos de Jesus Gonçalves ao desencarnar psicografado por CHICO XAVIER, que para mim viúva de Joao ao ler senti o desencarnar de meu esposo:(ofereço as minhas filhas Samanta e Marcela:
Irmaos cheguei contente ao Novo Dia
E ainda em pleno assombro de estrangeiro,
Jubiloso, saltei de meu veleiro
No porto da Verdade e da Harmonia
Bendizei, com Jesus, a dor sombria,
Na romagem de pranto e cativeiro
Nele achareis o Doce Companheiro
Para as rudes tormentas da agonia...
Não desdenheis a chaga que depura,
Nossas horas de amarga desventura
São dádivas da Lei que nos governa!...
As escuras feridas torturantes
Que envergamos ao sol da Vida eterna
Que maravilhosa madrugada
Que desdobras a luz no céu aberto
Alem das trevas, longe do deserto
Onde a esperança geme incontentada!
Salve, resplandecente e excelsa estrada
Sobre o mundo brumoso, estranho e incerto,
Que acolhe, em paz, o espírito liberto
Na vastidão da abobada estrelada!
Oh! Meu Jesus, que fiz na noite densa,
Por merecer tamanha recompensa
Se confundido e fraco me demoro!
Recebe, ante a visão do Espaço Eleito,
A alegria que vasa de meu peito
Nas venturosas lagrimas que choro...
Eu entendo que meu marido era uma daquelas matérias que não queria desencarnar, ele não aceitava a morte. A pessoa viva que esta sentindo todas as vibrações da matéria, não aceita a morte, imagine estando morto, se foi doutrinado na terra para aceitar que morrer é nascer de novo, tudo bem e se não aceitar se é a única coisa exclusivamente certa que temos aqui nesta terra, é morrer.
Sofia encontrava-se muito cansada, mas não ia passar o Natal em Fortaleza, era melhor viajar e ficar perto de seus irmãos e de seu pai em Novo Calvário. As crianças adoravam ficar com os primos , brincavam se divertiam...Já em Novo Calvário:
- A Laura entra, avisando que a Custódia estava lá fora e queria falar com ela e acrescenta;.- Sofia ela parece muito nervosa, ela já tinha ligado, antes de tu chegar de Fortaleza, me contou uma história que estou me tremendo até agora, roubaram o corpo do João da gaveta dele(eu mim arrumando e a Laura atrás de me, acompanhava os meus passos e contando rapidamente o que ouvira da Custodia). – Sofia exclama sem entender: - Meu Deus! que conversa é esta Laura, que loucura...Saímos nós duas:
Custódia narra rapidinho o que já havia contado para Laura. Sofia diz:
-A solução é ir na delegacia, falar com o delegado, registrar a queixa e descobrir onde está o corpo do João.
Custódia fica logo muito assustada pedindo que não falassem no nome dela...Laura e Sofia afirmaram para ela que ficasse tranquila que ninguém ia comentar nada.
Foram para a delegacia. O delegado ouviu tudo calado, depois convida as duas para ir no cemitério falar com o coveiro. Vão, ao chegarem lá, conversam com o coveiro e ele muito assustado tentou negar que não havia visto nada, depois foi cedendo aos poucos até que disse ter visto um carro grande tipo furgão entrar por volta das três horas da manhã e duas mulheres pularam o muro. Antes até notei que uma delas machucou feio o joelho, era muito escuro, não deu pra ver direito, mais ficou muito sangue e logo levaram ela, depois de tudo, notei que ficou um saco com uns ossinhos, era de um anjinho com certeza, mais pediram pra me colocar dentro da gaveta. O delegado diz :
-Vamos, vamos, pra delegacia, vou abrir o inquérito e investigar esta história de terror, vamos lá, insiste o delegado.
O coveiro começa a chorar, pedindo até pelo amor de Deus que não deixassem fazer isto com ele, pois era um pai de família e com certeza ia virar presunto.
Laura e Sofia olham uma para a outra e dizem:
-Senhor delegado, deixe–o em paz, a corda só quebra do lado mais fraco, nós só queremos que o senhor dê uma geral no sítio deles, quem sabe levaram para lá. O Delegado pensa um pouco e diz:
-Tudo bem, só quero uma coisinha ir no hospital e saber se alguém deu entrada na madrugada de domingo pra segunda, com um problema no joelho ou na perna, algo do gênero. O coveiro agradeceu muito.
Chegaram no hospital, apenas o delegado entrou(difícil só tinha um), encontrou logo, coisa recente, a irmã da Custodia, a Olivia machucou feio o joelho e a perna, inclusive informaram ao delegado que ela precisou engessar a perna toda e a entrada da ocorrência fora por volta das três e meia da manhã, - confirmado - O delegado diz: - sem testemunho é a mesma coisa de nada.
Nos deixou em casa, prometendo que ia dar uma volta no sitio dos velhos. Sofia alerta-o para o perigo que ele poderia correr, se desconfiassem de alguma coisa, com certeza ele viraria presunto também, e o sr. não tem testemunha...Sofia ironizou.
O sistema devorou tudo, os valores morais, alguém ainda sabe o que é isto hoje?...Os pais tem filhos porque é bom fazer , criar só dar trabalho, despesas..., deixa aí que o mundo cria.
Será que é assim? Ou será que estes espíritos zombeteiros, desonestos, hipócritas, são encarnações necessárias para ensinar aqueles que não são assim? Quando Jesus andou no mundo só haviam hipócritas, eram os fariseus que dominavam aquele mundo, se assim não fosse como Jesus poderia ter mostrado para a humanidade até hoje seu exemplo de humildade, caridade, Fé e esperança? tudo é providencial, são dois mil anos que os exemplos de Jesus são pregados em várias religiões, e durante todo esse tempo quantos espíritos foram evoluídos até chegar a perfeição e, sentarem-se ao lado de Deus em seu trono! Deus não tem pressa, eis porque fez o tempo infinito...
Sofia passou o Natal e o Ano Novo com sua Irmã Laura, o Leandro e seus filhos o Amon e o Elias, por toda a semana ficaram tentando descobrir a questão do corpo do rapaz. O delegado fez a vistoria, segundo ele não encontrou nada, sem testemunha nada feito, ninguém mata , ninguém rouba, a justiça da terra é assim, mas a de Deus não é assim, porque é perfeita, demora, porque Ele não está preocupado com dinheiro, a propina Dele é a própria natureza, provocando a causa e o efeito, os retornos...
E Sofia exercitava seu cérebro com hinos belíssimos, como este que ela cantarolava sempre:
“Alma gêmea de minha alma
Flor de luz de minha vida
Sublime estrela caída
Das belezas da amplidão.
Quando eu errava no mundo...
Triste e só no meu caminho,
Chegaste, devagarinho,
E encheste-me o coração.
Vinha na benção das flores
Da divina claridade
Tecer-me a felicidade
Em sorrisos de esplendor!
És meu tesouro infinito
Juro-te eterna aliança
Porque sou tua esperança,
Como ÉS todo o meu amor
Alma Gêmea de minha alma
Se eu te perder algum dia...
Serei tua eterna agonia,
Da saudade nos seus véus...
Se um dia me abandonares
Luz terna dos meus amores
Hei de esperar-te entre as flores
Da claridade dos céus”.
EMMANUEL
(psicografado pó Chico Xavier)do Livro há 2000 anos.
Que importam as emboscadas que vos armem pelo caminho! Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladora.
A DECISAO
Missa de trinta dias, Sofia manda celebrar uma em Fortaleza e outra em Novo Calvário. Apareceram por aqui em Fortaleza a Florinda, o Jesus e toda a família, o Estevão e família. Quando Sofia entrou em sua casa encontravam-se sentados em sua sala contando piadas e rindo como se nada houvera acontecido, aquilo deixou Sofia irritada, porque não estavam respeitando sua dor , isto não era perdão, eu estava acoitando uma falta de vergonha e de respeito. Senti que aquilo não era pra ser assim, se eles não estavam sentindo a sacanagem que fizeram com o irmão eu não era cúmplice daquilo não, eles acharam que eu era, porque não abri o inquérito! E ai? eu ia suportar aquilo também? pelo amor de Deus, era exigir muito de mim mesma, para que uma amizade desta? se na hora que mais precisei desta galera o que fizeram comigo?...Não segurei, tudo que estava preso em minha garganta vomitei, não podia ser de outra forma, era vômito mesmo, chamei-os de criminosos, dei escândalo, foi horrível...Foram embora, aí eles ficaram tão sensíveis, não gostaram, eu fui muito agressiva. ”Pimenta no... é refresco...” imagine, se tivesse sido aqui em casa que eles tivessem encontrado o corpo do João? meu Deus, até este detalhe meu amado Mestre me poupastes, Tu não me deixas só um minuto, obrigada mais uma vez...Nunca mais ouvi falar desta galera, ninguém não vive é sem Deus.
O Investigador pouca coisa conseguiu:- Dona Sofia os vizinhos estão calados ninguém abre a boca, apenas comentaram numa festa que fizeram no Natal e outra no Ano Novo, a respeito do irmão nada consegui, apenas que chegou um senhor muito embriagado aos gritos e quebrando o portão, bateu muito no portão, chamou a atenção de todo mundo. Ah! Lembrou-se o investigador de algo que poderia ser muito importante se alguém quisesse testemunhar, que eram as viaturas após as duas horas da manhã , chegavam pra pegar as propinas, realmente faziam parte de uma gangue da pesada, o chefe é muito conhecido, ele mexe com tudo : carro roubado, cartão clonado, drogas, lavagem de dinheiro e tal. E daí se vão detido o habeas Corpus entra primeiro do que eles, não dá, é comum não dar em nada, entendeu? ninguém quer se envolver numa fria desta... o investigador justificava a ausência de provas.Sofia consultou o advogado, sobre o que o Juiz faria numa situação destas - em que um cidadão vai cobrar uma dívida em Casa de uma irmã e é encontrado morto. Após consultar o Juiz, o advogado afirmou ser considerado uma omissão de socorro, ocasionando uma detenção de três a quatro meses. Principalmente se o fato não for testemunhado...
Sofia opta por dar um tempo, já que três meses não é justo, apenas esta pena, para tamanha maldade.
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SEIS ANOS DEPOIS (1997 a 2003)
Há pouco menos de sete anos da ocorrência do fato, em 2003(1997-2003), estavam num restaurante, um grupo conversando tomando cerveja, ouvindo música em Novo Calvário, neste grupo tinha uma prima de Sofia que ninguém ali presente imaginaria, pois a maioria da galerinha eram jovens e só ela com idade de mais de quarenta anos. Conversavam animadamente , quando um carinha de uns vinte e três anos conta uma história que, segundo ele nunca houvera esquecido tal cena. Na rua que ele mora até a presente data, numa noite, ouvira uns gritos que fizeram ele deixar a TV, para ir olhar que clamor tão grande era aquele, ele relembra que era muito novo dizendo que tinha apenas uns quinze anos, chegando em sua calçada vê um senhor tentando entrar naquela casa a qual era dos seus sonhos, pois tinha uma piscina grande com sauna e tudo, sentia segundo ele muita vontade de um dia dar alguns mergulhos, mas o mais perto que chegou fora no portão. Ele fica olhando aquilo sem entender, ninguém se aproximava e nem ninguém abria o portão. Até que ele quebra uma das barras de madeira, ficando um buraco que ainda não dava para entrar, ele desiste de quebrar a outra barra, ai pega seu carro encosta bem próximo do muro, sobe no carro e depois no muro e logo pulando para dentro da casa. O Jovem conta que fora uma oportunidade que tivera para ele poder ficar olhando de um buraco maior para as águas daquela piscina tão azul parecia o céu: - ainda hoje galera eu me lembro da vontade que eu sentia de pular ali dentro, era massa! Um dos ouvintes, retrucou:- fala cara, para de brincadeira, o que houve com o homem que pulou o muro? O jovem continua;- macho foi triste oh! - Saíram três caras lá de dentro pegaram ele e socaram a cabeça dele dentro da água, e ele naquela posição alucinante, se jogando muito, o cara tinha força, mais não deu, eram três segurando a cabeça dele, dentro da piscina, mataram o cara asfixiado, - o coitado! não sei como não partiram foi o pescoço do corpo.- Eu vi tudo, pelo buraco do portão, só tem um detalhe, se a viúva souber desta história ela vai querer que eu testemunhe, e não adianta, porque o juiz não aceita, eu era de menor, não vale - acrescenta aliviado.
Minha prima diz: - Gabriel eu conheço esta história ai, a mulher do rapaz que foi assassinado é minha prima. Assustado Gabriel retruca preocupado:
- Puxa, cara falei demais, não adianta contar pra viúva.. .E tem mais, depois de umas três horas é que apareceu um irmão dele, e ele ainda tinha sinal vital, o irmão dele fez os primeiros socorros, respiração boca a boca, colocou-o no ombro e saiu, o hospital não dava cem metros, era ali bem pertinho, o que aconteceu ali foi omissão de socorro, se eles tivessem levado o rapaz logo, ele tinha escapado...Gabriel continua, passando muita mágoa:
- Essa familiazinha é parecida com a minha. O meu pai foi acidentado e faleceu numa batida com uma scânnear, a culpa foi do motorista da scannear, foi provado pela lei e a família foi indenizada com uma fortuna, minha mãe não viu nenhum tustão, nós não passamos fome porque minha mãe, se garante, mais se dependesse da galera do meu pai, nós já tinha morrido, nunca nos ajudaram com nada.
Todos ficaram em silêncio absoluto, -Sara quebra aquele momento dizendo:
-O pior ainda de tudo é que roubaram o corpo dele...
Silêncio...
Gabriel diz:- no Brasil existe dois tipos de assaltantes:- O que assalta nas esquinas com revólver, faca ou com a conhecida “sugesta”, estes são os bandidos pobres, analfabetos e alienados socialmente, infelizmente a grande maioria segundo as estatísticas seriam alunos de escolas púbicas. O outro tipo de assaltante que é o próprio governo que assaltam com uma simples caneta em sua maioria de ouro, suntuosos em seus gabinetes, com ambiente refrigerado, sorrindo, ele não encara você, também não precisa pois o secretário dele paga tudo com o nosso dinheiro, acompanhado de muitos papéis chamados burocracia para parecer que está tudo dentro da ética. Ah, em sua maioria até utilizam pessoas como “laranja” e desta forma nem precisam sujar suas mãos, estes ficam apenas esperando que o dinheiro caia na conta pra fazer a festa, “são os bandidos ricos”, estes são que fabricam o bandido pobre porque eles mantém esta classe social sob o domínio do analfabetismo. Dizem que a maior revolução já feita até hoje no mundo foi quando o primeiro “besta” encontrou-se com o primeiro “ sabido”. Deste casamento, nasceram o estelionatário (171) , a miséria (concentração de renda) e a chamada estória pra boi dormir. De lá pra cá, quanto mais o mundo gira mais o pobre fica mais “tonto” e o rico fica mais rico.
Sara liga para Sofia e conta o que acabara de ouvir de Gabriel, o menino que testemunhou tudo que fizeram com o seu marido. Sofia nesta ocasião encontrava-se lendo o livro, quem ama não adoece, do Dr. Marco Aurélio Dias da Silva, ele diz que não se pode “medir” o grau de tristeza ou de sofrimento de alguém. Achei esta frase fantástica, pois quem poderá ter uma noção pelo menos da minha dor, das vezes que pensei em matar aqueles que judiaram até a morte do meu homem querido, aquele que beijei tanto que abracei tanto e que até suas roupas eu cheirava para matar a saudade quando apenas demorava depois de um dia de trabalho.
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Seis anos depois da confirmação do assassinato de João.(2009)
Dia 24 de Agosto, aproximadamente uns cinco ou seis anos após saber da história de Gabriel, a Sara liga avisando que o meu sogro morrera. Após quinze dias do falecimento de meu sogro somos avisadas que havia uma irmã de meu esposo falecido nos procurando nos arredores de nossa casa. Uma vizinha nos conta que ela havia deixado um recado que o assunto era sobre a herança dos velhos, deixando o número de seu telefone para nos comunicarmos .Entramos em contato com ela após alguns dias e foi marcada uma reunião, sendo os irmãos os únicos a fazerem parte para ser discutida a divisão dos bens. Minhas filhas representando o pai (João), Jesus, Estevão, Custódia, Lavínia, Florinda, Lívia, Ivone, Olívia, após 12 anos que não se viam, quando encontram com elas Samanta e Marcela já não as reconheciam, sua fisionomia era conhecida pois o sangue de seu pai era muito forte e eram muito semelhantes, mais não as reconheciam como da família como da sua família (como suas tias), a reunião ocorreu “normalmente”.
Que Deus proteja minhas filhas, nesta jornada constrangedora, pois acho que elas estão em conflito, com escrúpulos, não entendi bem ainda o que elas estão sentindo para não abrirem um inquérito, com esta aproximação o tempo vai mostrar o que vai acontecer...
Eu queria abrir um parêntese para aqueles que estão lendo, entender, que resolvi escrever esta história, com o objetivo de trazer e levar um questionamento sobre uma palavrinha tão pequena e de consequências tão drásticas que é o amor: - a confusão que é feita por nós seres humanos sobre o que é amar, questão antiga mesmo antes de Cristo, por inúmeros pensadores. Quero fazer uma citação do livro "quem ama não adoece", capítulo XVIII páginas 335 a 339 sobre a armadilha da autoridade e da disciplina: “biombo para o desamor"! A violência, física ou não, é o desrespeito dos pais pelos filhos são, na maioria das vezes, praticados em nome da necessidade de discipliná-los e do exercício da autoridade. Quase sempre, porém, tal necessidade é apenas o biombo atrás do qual os pais tentam esconder, de si próprios e das outras pessoas, a ambivalência e o ódio que devotam aos filhos. È chocante de ler, mas é a triste realidade, por dolorosa que seja.
Não há dúvida de que temos o dever de transmitir aos filhos os princípios fundamentais que nos regem, a lei moral em que acreditamos e as regras básicas de higiene, de convívio social e muito importante de muito respeito as outras pessoas. Temos também o inalienável dever de incutir-lhes, gradativamente e na proporção de sua capacidade de compreensão, o senso de responsabilidade por seus atos e obrigações que lhes cabem, entre elas deveres escolares e a participação nas tarefas caseiras.
Para obter isso, contudo, não é necessário recorrer a violência, castigos, repreensão carregados de ódio e irritação. Basta apenas que amemos nossos filhos.Se conseguirmos transmitir amor a eles, transmitiremos também, sem qualquer esforço, de forma natural e quase imperceptível, quase tudo o mais que quisermos, inclusive as normas de conduta e os princípios morais que comungamos. Assim como aprendem espontaneamente a falar, aprendem também a comportar-se bem e ser corteses.
A transmissão desse amor e a crença e confiança que a criança tenha nele compreendem vários elementos, dentre os quais julgo essenciais: respeito e coerência.
Respeitar a criança significa fundamentalmente tratá-la como ser humano que é, com desejos, vontades e sentimentos próprios. A surrada frase de que a “criança não tem querer “ que os de minha geração e os que antecederam tanto ouviram traduz um dos maiores equívocos dos pais e educadores que adotam como lema. È lamentável que tantos pais ajam de acordo com esse modo de pensar e somente decidam tratar a criança “como gente” quando ela for “gente”, querendo dizer com isso quando adultos. Então na maioria das vezes, será tarde demais. A ruptura já terá acontecido. Os laços de amor, legítimos e espontâneos, já estarão envenenados pela mágoa e pelo ressentimento.
As experiências indicam que são justamente aquelas crianças tratadas de igual para igual pelos pais que tendem a revelar desenvolvimento intelectual mais elevado, maior originalidade, maior segurança emotiva e maior domínio sobre si mesmas, quando comparadas aquelas oriundas de famílias autoritárias, adeptas do “criança não tem querer”.
Compreendo a angústia e a ansiedade dos pais com a “educação” e a “formação” de seus filhos, mas vejo com muita tristeza o quanto os deseducam e os deformam. Se simplesmente os amarem e respeitarem, as coisas fluirão naturalmente, tudo a seu tempo.
O respeito aos filhos inclui também o respeito as suas aspirações, suas aptidões e ao seu projeto de vida. È muito comum e lamentável que os pais projetem, sobre os filhos e seu futuro, suas próprias expectativas e venham a cobrar deles direta ou indiretamente, o que não conseguiram realizar. São pais que pensam estar criando os filhos para si mesmos, e não para o mundo. As maiorias das vezes, por esse caminho, criam pessoas fracas e dependentes.
A necessidade de sentir-se superior aos outros deriva, não tenho dúvidas, de uma razão única: a sensação íntima – mesmo que inconsciente – de inferioridade. O desprezo e o desamor a si mesmo são, pois, os motores da ambição da vaidade e do destrutivo sentimento da inveja. Então, no afã de conseguir ter o que lhes possa servir para exibir aos outros sua superioridade, assumem compromissos que não podem honrar, sofrem por não conseguir o que outros conseguiram, sacrificam a saúde e a paz para alcançar o que, muito provavelmente, nem desejariam, não fossem tais coisas símbolos de status e sucessos, a exibir ao mundo.
Ultrapassando o limiar da pobreza, portanto, a questão do dinheiro é fator de doença na razão direta do desassossego e da baixa auto-estima interior. Quem se presa e se ama não necessita desesperadamente dos sinais exteriores de sucesso para se sentir na condição de merecedor do amor das outras pessoas.
São assim as experiências distorcidas de sucesso. A concepção de sucesso é sempre o ter, o que aquele cristão conseguiu: uma fazenda com muitas cabeças de gado, um iate, mansão com piscina, enfim, ninguém se preocupa em saber se a pessoa é feliz, se é honesta com as outras pessoas, se amam o que faz e se é amada pela família, etc. Nada disso parece relevante; a única coisa que importa aparentemente é o dinheiro, o status, o prestígio.”
Sofia ao ler esse livro lembrou como a teoria esta bem próxima da prática, pois seu marido fora criado por uma família que impunha a violência como “disciplina”. João sempre contava para ela a maneira como fora educado, levando diariamente “castigos” por suas pequenas danações! Até assédio moral e material eram feitos, pois lhes trancavam dentro de um quarto chamado o “quarto do sal”, literalmente cheio de sal onde ali eram colocados noite e dia e, sua mãe os alimentava mediante uma vasilha por entre uma fenestra da porta, muitas vezes passavam-se por dias e até semanas, sem tomar banho, sem higiene alguma.
Sofia nunca esqueceu do dia em que entrou na casa dos pais de João e viu aquela criança presa numa gaiola, a qual “sofria” de uma síndrome até então desconhecida (Síndrome de dawn) ela encontrava-se nua, presa aquela gaiola enorme de madeira, colocada dentro de um quarto onde era escondida, para que as visitas não a vissem. Esta criança era tratada como um animal, era alimentado como um, suas necessidades fisiológicas eram feitas ali mesmo, fiquei chocada ao me deparar com aquela situação, sem nada a fazer, eu tinha apenas 15 anos, me lembro disso como se fosse hoje (e já se passaram 40 anos). Lembro-me que pedia muito ao João para fazer algo por aquela criança, vesti-lo, passear com ele, e João dizia, não toque nesse assunto, você quer que eles me coloquem no quarto de sal?
Não desejo e nem quero o mal para meus inimigos, assim também como não posso mais andar de braços dados com eles, como se nada houvera acontecido, procuro afastar-me dos ambientes escarnecedores, evito as pessoas mal intencionadas, sinto minha alma sofrendo, mesmo assim se for pra ajudá-los, independente de qualquer interesse de minha parte, ajudo-os. Veja o sol que ilumina e saneia o pântano, sem que seu raio de luz e calor dali se afaste enlameado e fétido.
Sejamos nós o espelho vivo de nossa fé. "Não quero deixar minha vida ser um rascunho, pode não dar tempo passar a limpo".
Humildade é saber exatamente o que somos e o que valemos. È conhecermos a nós mesmos, procurando corrigir sinceramente nossos defeitos, e não nos querendo impor aos outros.
Mais uma vez minhas filhas foram convocadas para mais uma reunião, as tias querem que assinem um documento renunciando a herança, elas decidiram ir e assinar.
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Agora há poucos dias fui informada, por pessoas que sempre procuram informar as ocorrências dos últimos fatos, que o marido de uma delas, hipotecou a fazenda e comprou uma frota de ônibus. O marido da Olívia que hipotecou a fazenda apareceu morto, já em estado de putrefação. As notícias vem para dentro da minha casa sem ser necessário que eu dê um passo, pois se eu pudesse ficar sem ouvir falar neste assunto seria bem mais sadio para mim, com certeza.
Infelizmente o que tenho para contar escrevendo é dor, muita dor e lágrimas para o fim de uma história de tragédia, é o exemplo para todos que atropelam os laços de família, em busca da ambição, das trevas, então Deus chama a atenção das pessoas, assim – mostrando que o dinheiro é pra ser usado exclusivamente nas necessidades.
As seis mulheres, três combinadas com aquelas que têm marido, as sem maridos, revoltadas, pois ficaram de fora “da frota” , a renda era para os dois irmãos e para as três irmãs que tem marido. As outras três irmãs sem marido estão sendo suspeitas do crime juntamente com o marido de uma delas. Com a morte do marido da Olivia o marido da Lavínia sofreu um infarto e encontra-se na UTI. Infelizmente o que estava internado falece após alguns dias, meu Deus, não havia completado nem trinta dias da morte do que foi assassinado!
Ficamos sabendo que as suspeitas da investigação foram totalmente desviadas para o único genro vivo herdeiro, que é o marido da Ivone, pois segundo os comentários, ele ficou enciumado e constrangido porque era pra ele ter feito a hipoteca, ter recebido o dinheiro, ter comprado a frota de ônibus, enfim não foi ele quem fez nada disso, apenas iam receber em partes iguais o rendimento do investimento. Prevalecendo a dúvida e a desconfiança, o rancor e a precipitação do julgamento encheram seu cérebro de pensamentos “malignos” que contaminaram seu coração da ganância e julgou que estava sendo enganado mesmo antes de ser. Sabemos que o projeto já encontrava-se pronto mesmo antes do velho falecer, todos estes acontecimentos são consequentes de atitudes arquitetadas, estudadas, tramadas e combinadas... E mais uma vez ela confirma que são capazes de usar de qualquer meio para alcançar o fim desejado, pois a omissão é fato confirmado além disso ainda existe a manipulação.
O cidadão foi a julgamento, o veredicto foi réu primário, legítima defesa, enfim inocente, muitas palmas, muita alegria, venciam mais uma vez... logo, logo, encontrava-se a frente de tudo. Cidadezinha com 60 mil habitantes todo mundo sabe da vida um do outro, fofocas pra todos os lados. Esqueceram que o rapaz que foi assassinado tinha família e esta não entregaram a Deus para ele fazer a justiça. Revoltados com a justiça da terra que é o dinheiro que faz, não tiveram paciência e eliminaram o rapaz, fizeram uma desova e o corpo foi identificado porque a mulher dele encontrou na aliança escrito Ivone, pois o corpo foi todo mutilado, cortado, como se faz com um carneiro, um boi ou um frango, para ser feito um alimento.
Vingança! Vingança! Eram as palavras escritas nos caules das árvores do matagal...
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Obrigada caro leitor por ter lido meu ponto de vista, sobre tudo, já que falamos sobre valores morais, mesmo sendo um saco lembrar que é muito bom ser digno, ter caráter e escrúpulos: de estômago vazio! Porém bolsos cheios de cascalho e a consciência da origem da merreca, aí dói. Porque tudo que sobe desce e a consciência pesada é fundo do poço, pesa demais. Sacou? Aí eu entendo porque os asilos estão superlotados e as cadeias também.
Mesmo sem ser a nora aquela pessoa que idealizaram, poderiam terem pensado no filho, no irmão, e respeitado e procurado compreender a escolha que fizera. Não, nada disto foi possível acontecer no “amor” destes familiares. Espero que leiam com muita atenção e respeito esta história, pois é uma homenagem que a esposa deste infeliz faz à sua pessoa, tão amada e respeitada por ela e pelas filhas.O que aconteceu com as famílias?
Queria fazer um questionamento, com aqueles que conseguiram ler tanta mediocridade, mais para falar de amor é preciso também ser medíocre, afinal de contas somos seres humanos, e por que querer se esconder? Se o que realmente e literalmente somos é medíocres..
Os exemplos da mediocridade em cada um de nós; são:- subestimar a inteligência do parceiro(a), fazer de conta que é amigo(a)
sendo na verdade um oportunista, fazer da convivência um meio de vida, explorando o relacionamento como se dele fosse o único meio de sobreviver, ser fisicamente perfeito, emocionalmente normal, sem nenhum distúrbio emocional e se fazer de doido, de burro, de tolo, na expectativa que todos acreditem e assim possa “se dar bem”, enfim, criar um universo completamente fora da realidade daquilo que um dia possa ser desmascarado...
Nós podemos dar exemplos de “n” indivíduos que são assim.
Eu por exemplo, ao escrever este livro, descobri em me, coisas que jamais pensei que fora eu a fazer tal personagem. Descobri que antes de olhar para o que os outros fazem devo olhar para me mesma e questionar minha própria mediocridade, só assim, talvez, poderei melhorar e poder querer ajudar o outro a ser melhor. Lemos muito sobre belas frases, belos textos, belos artigos, belas crônicas, enfim seres humanos de um vasto potencial intelectual, será que eles amam mais do que um medíocre?
Será que existe o amor medíocre e o amor não medíocre?
Enfim, o que é amar? Será que eu sei responder a esta pergunta?
E você sabe?
Neste mundo de expiação, de dor, sofrimento e mediocridade, nada fazemos em busca das virtudes, de sua essência, íntegra e pura.(fazemos?)
Há sempre uma busca de demonstração para o favorecimento de interesses particulares. Francisco de Assis,(a igreja católica chama-o de santo), um exemplo de virtude, ele foi medíocre? Na minha opinião ele foi, primeiro só em ter sido morador de um mundo de expiação, já tira a perfeição, pois estamos aqui exclusivamente para evoluir, e se é preciso evolução é porque não somos perfeitos, eis a razão de sermos iguais. Apenas ele usou o livre arbítrio para cumprir sua missão aqui neste mundo, o que todos deveriam fazer, e não fazemos. Por que não fazemos? Por falta de aceitação do que verdadeiramente somos. Jesus Cristo, precisava de nascer de uma pecadora igual a todos nós? Não, mais foi preciso ser assim para que todos entendam, que até o próprio filho do criador um ser perfeito, cumpra a missão, estamos aqui para cumprir o que pedimos, nós pedimos assim e assim acontecerá, como nós pedimos, e quantas vezes esquecermos, receberemos o sim infinito da misericórdia Divina para cumprir a missão, um dia cumpriremos, pois DELE tudo é infinito.(tudo é perfeito, até o homem entender sua imperfeição, a pruralidade das vidas é a representação do amor perfeito, por isto morremos para nascermos de novo)
Todos os fatos ocorridos durante esta minha estadia aqui, nesta vida, que pedi para vim, mais uma vez, vivenciei convivências incríveis, até por assim dizer inexplicáveis, como foi este fato narrado
no livro, de uma família inteira ficar contra a nora, por ter sido seu esposo assassinado por uma de sua irmã,(a filha de sua própria mãe) e sendo que tudo dito pela viúva, é desmoralizado, por argumentos feitos pela assassina, de que é mentira. A viúva reconhece a falta de amor prestado a sua pessoa e a pessoa de seu esposo, aja visto que sendo ele amado só por ela(que amor omisso?) e suas filhas, pois, caso contrário, não teriam eles(seus familiares), sido tão solidários com a criminosa, esta que se omitiu a tudo, mesmo sendo a esposa também uma omissa pois nada fizera contra tamanha crueldade. Reconhecida pela esposa a sua omissão, pois o crime foi constatado, em 2003 (seis anos depois do assassinato), e nada fizera, estão soltos os criminosos de seu esposo, que pena, como lastimo não existir leis para quem é de menor e para réu primário.
Por que um jovem de 15 anos não pode testemunhar sobre um crime que presenciou? Não pode ser testemunho(...), eu queria só entender...
Por que um réu primário não pode ser preso?
Por que um cidadão vai cobrar uma dívida e é assassinado e os criminosos cometem omissão de socorro,(na tentativa de assassinato), pois, deixaram-no ainda vivo, sofrendo, por mais de duas horas, enquanto ficavam escondidos dentro da casa e ligavam para o outro irmão pedindo que viesse pegar o corpo e levar ao hospital, eles estavam há pouco menos de 20 metros do corpo, e nada fizeram, esperaram o irmão fazer uma viagem de uns 10 quilômetros, o que demorou mais de duas horas, para prestar-lhe socorro, encontrando-o ainda vivo, sendo levado para o hospital, não suportando mais, vindo a falecer. O que o ódio é capaz de fazer? E tudo isso porque o irmão não quisera pagar o aluguel da mansão, contrariou o querer da” irmã perfeita,” ela não pode ser contrariada, ela não faz maldades, nem mente, nem engana, nem mata, nem rouba, nem magoa, nem odeia, ela é um exemplo de virtudes e todos rastejam aos seus pés, até a própria esposa do finado, nada fizera. Mesmo estando completando 12 anos, este fato é só um a mais que encontra-se na impunidade, viúva criando as filhas sozinha, sem nenhum contato com os familiares do pai assassinado pela própria irmã (tia, cunhada).
Sinto muito, mais isso não é apenas um conto, é um fato...
Nem tão pouco foi o primeiro e nem será o último.
Tudo que acontece hoje em nossos dias, as pessoas dizem que a culpa é da droga, o CRAQUE, sendo atualmente a pior de todas.
Tudo bem, acredito, nós somos formadores de uma sociedade, medíocre, que não assume nada, ninguém tem culpa de nada, todos são culpados menos o “EU” de cada um, é incrível!!!! Os santinhos do pau oco estão em evidência, e o que é mais alarmante é que acreditamos. Existem os direitos humanos, que defendem os “bichinhos” de tal forma que infelizmente nos dá o direito de fazer citações, como esta que estamos fazendo agora. Há 40 anos atrás, quando vivenciei minha adolescência, ouvíamos falar nas drogas; mais num grupo de 10 jovens, um falava, e os nove logo se afastavam, tementes, por serem seguidores dos ensinamentos de seus pais, e assim nos mantivemos por mais de meio século(...).Hoje 2011, vivenciamos o oposto; num grupo de 10 jovens nove usam drogas e um se afasta, o que aconteceu?
Um dia, ao fazer a explanação do conteúdo de minhas aulas, um aluno exclamou perguntando: - professora, por que estudamos se vamos morrer(na pergunta ele já havia dado a resposta), eu apenas pergunto já respondendo: porque comemos se vamos cagar... então todos riram, e ele insiste dizendo que o organismo tem necessidade do alimento e o estudo vai alimentar o quê? Acrescentando que seus pais acham melhor que ele trabalhe entregando papelote (os chamados aviões), pois recebem por dia os valores de cinquenta reais, “trabalhando” apenas quatro horas pois é o tempo suficiente pra entregar cem papelotes, muito lucrativo! Ganha mais do que um professor trabalhando os três expedientes. Funciona, claro, se um professor ganhasse em quatro horas cinquenta reais, três expedientes seriam cento e cinquenta por dia, olha a valorização da profissão? não ficava aquém de entregar papelotes, é uma excelente profissão ser aviãozinho de marginais. Até eu fiquei fazendo as contas, trabalho cinco dias na semana, sábado e domingo fazendo planejamentos, são 30 dias recebendo $ 150,00, quatro mil e quinhentos reais para um professor por mês? Inacreditável, a educação não pode ser valorizada assim! Aí todos vão querer ser professores? E aí os papelotes? Os marginais? Fica ruim demais. Os viciados no craque, vão ter que deixar o vício? Serem integrados à sociedade? Vão deixar de roubar, assaltar, matar e estuprar? Não pode não, o que os direitos humanos vão fazer? Sem os “bichinhos” vão ficar muita gente desempregados!!!!. Pra que estudar? Se aprender não enche a barriga de ninguém.... Belíssimo questionamento, dos 30 anos de trabalho em sala de aula, foi neste dia que aprendi, com este meu aluno, o quanto nós profissionais da educação somos medíocres.
Fui afastada para aposentadoria. Há uns dois anos fui chamada para uma reunião, tratar de assuntos particulares, conversando com colegas fui informada da prisão de um dos nossos ex-alunos. Procurei o endereço de onde estava detido e lá vou eu visitá-lo. Surpresa ao vê-lo (me contive), apenas me aproximei e puxo a cadeira, sentando em sua frente, pergunto:
-Como você está? Ele de cabeça baixa, nada respondeu...
-Insisti, o que houve? O que você fez? Ele contemporiza:
- Nada, não fiz nada...Calou-se com aquele mesmo tom arrogante de quem sabe tudo.
- Você está precisando de alguma coisa? Fala criatura...fui interrompida pela senhora sua mãe, que entrava esbravejando tudo e todos, como se estivesse brigando ou reclamando de algo. Ele levanta-se e vai ao encontro dela, abraçando-a. Ela olha para me e diz:
- A senhora veio olhar a desgraça do meu filho? Não precisamos de professores aqui...muito obrigado pela sua visita, mais não precisamos....Já acostumada, pois conhecemos muito bem como nos tratam os pais de nossos alunos, contemporizo conformada:
- Tudo bem senhora. Retirei-me, muito triste, até porque ela não poderia julgar o que eu estava sentindo em ver um de meus rebentos naquela situação. Mais naquele momento? Era reconhecer que ela tinha razão de se encontrar tão enfurecida, eu também sou mãe, então ficar no lugar de uma mãe é muito fácil, não é preciso nem estudar pra compreender e ser solidária com tamanha dor...
O que importa num momento destes? Paciência, compreender mais do que ser compreendida, respeitar mais do que ser respeitada, enfim a desgraça já encontra-se consumada. O jovem não entrega mais papelotes, é um viciado, e além disso com uma ficha criminal extensa, composta de crimes hediondos, em qualquer país que não sendo o Brasil, pegaria prisão perpétua, ou corredor da morte, pena de morte. Aqui não tem disso não, as mães das vítimas de um indivíduo deste não tem participação nenhuma na lei, quando estão fazendo-a, (apenas são induzidas em nosso cotidiano, como um supositório, esteja febril ou não, sejamos educadores ou não, tem que aceitar uma lei que é única para prender assim como para libertar, é a mesma(...).
De tantos milhares de jovens que foram considerados por me como meus rebentos, já que sala de aula é como um lar e nós os pais, vivenciei este caso que muito me deixou triste, ele tinha apenas 23 anos, e sua vida se resumiu num amontoado de palitos de fósforos, latinhas e cachimbos, e lá mesmo na prisão foi assassinado, ou suicidou-se, ninguém descobriu, apenas foi mais uma vítima do craque? Da sociedade? Do sistema? Da acomodação? Do amor doente? Enfim de si mesmo, o homem é vítima de si memo.
A impunidade nos atormenta, pedindo socorro; a omissão fere nossa consciência deliberadamente, nos assustamos com a nossa incompetência.
José Ramalho canta: vida de gado, povo “MARCADO”, povo “FELIZ”. Somos marcados mesmo sem cargos de confiança, nos auto “marcamos” pela dolorosa vergonha de sermos felizes.
A propósito, existem uns animaizinhos que há anos os observo: Hamsters, ratinhos sensíveis e amorosos, extremamente egoístas. A fêmea, ao parir, é separada do macho, do contrário ele usa os filhotes como seu alimento favorito - não por estar faminto, mas sim pelo instinto de proteção, defesa. Ele ataca para se defender, assim sendo, se é de dar ao rato dar ao gato que é de casa; eis os extremos de seu irracional, mais do que compreensível. A fêmea usa dos mesmos meios de defesa caso o local não seja protegido, pela insegurança ela também os come, em nome do amor e da proteção. Assim, ela como mãe amorosa também os guarda em seu intestino. É melhor vê-los mortos do que expostos aos desgostos do mundo, incrível, presenciando isto pude concluir que não são só os hamsters que protegem seus rebentos desta forma instintiva, com certeza tenho uma prova concreta de que o egoísmo nos seres racionais nada mais é do que este amor hamster, já que em nossos dias tudo é chamado de amor...
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Jesus diz: “Amar o próximo como a si mesmo”. Se você não ama a si mesmo não será capaz de amar o próximo. O que ocorre é que muitas vezes as pessoas não se respeitam, não se gostam, e acabam se anulando diante de outras pessoas, criando vínculos de dependência sentimental que não fazem bem a ninguém. E muita gente chama isto de amor, de grande amor, quando na verdade não é nada disso. Transformamos o próximo em muleta.
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O viveiro era espaçoso, eu não esquecia de te alimentar, gostava de ver você no poleiro mas sua voz eu nunca ouvi cantar.
Porém um dia ouvi você gritar, correndo fui lá ver o que havia. Admirada eu vi você chamar com seu biquinho aberto, cabecinha virada e seus olhinhos para o céu fitar.
Então eu vi revoando no céu um bando de seus amiguinhos passar e toda tarde aquilo acontecia, você gritava mas eles não ouviam.
Foi aí que lembrei. A minha alma jovem, como você sentia, tantas vezes senti como borboleta presa na teia de aranha, desejando me soltar e não podia.Abri a porta do viveiro bem na hora da revoada de seus irmãos e fui me esconder na janela pra ver a liberdade que você queria. Só que não vi lá em cima do muro o atento gato que a tudo assistia e quando você preparava o vôo esperado, o pulo do gato foi mais ligeiro.
Desesperada eu via aquele triste episódio, repetia a minha alma na boca do gato a liberdade. Como você, se foi um dia.
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REFLEXÃO
De acordo Stephen Kanitz, Administrador e autor do livro Família Acima de Tudo, “Colocar a família em primeiro lugar tem um custo com o qual nem todos podem arcar. Implica menos dinheiro, fama e projeção social. Muitos de seus amigos poderão ficar ricos, mais famosos que você e um dia olhá-lo com desdém”. Reflexão válida, entretanto, antes de prosseguir, cabe lembrar o ditado, conferido a Spencer W. Kimball, antigo líder da Igreja Mórmon norte-americana: "nenhum sucesso na vida compensa o fracasso no lar".
Desde pequeno eu procuro manter um profundo respeito pela família e a considero como única instituição capaz de provocar a mudança que queremos ver no mundo. Penso que educação, trabalho, religião e ciência podem contribuir bastante, mas a família sempre foi e sempre será a base de tudo. Da famíliavêm os exemplos, a índole, os princípios, os valores, as virtudes, o espírito de equipe, a certeza da acolhida em tempos difíceis, a esperança no futuro, com base em união, reciprocidade e laços puramente afetivos.
Durante muito tempo, devo confessar, mantive uma inveja positiva, por assim dizer, de muitas famílias que eu adotei como modelo a ser seguido, por conta daquilo que eu não pude ter na infância e por várias razões que não vale a pena lembrar. Entretanto, para resgatar e viver o conceito de família ideal, eu cheguei à conclusão de que a melhor forma de consegui-lo era valorizando os bons pedaços que sobraram da minha no passado e repensando a maneira de conduzir a vida, a partir daquele determinado momento.
Em tempos de competição desenfreada, culto extremo à individualidade e adoção de valores completamente equivocados, a família acaba sendo relegada a um plano inferior, de menor importância, tudo em nome do sucesso, do lucro e da acumulação de bens a qualquer preço. Grande parte das pessoas dá a importância devida à família somente quando perde a sua ou então, em casos extremos, quando precisa voltar para ela, a exemplo do filho pródigo, com uma mão na frente e outra atrás.
O dilema da família continua atual: se você priorizar a família em vez do trabalho, do sucesso e da riqueza, você consegue sobreviver, atingir seus objetivos, manter o círculo de amizades e ser feliz? A resposta é simples: se você, assim como eu e muitos amigos seus, tem de conciliar família com trabalho, amigos, estudo, carreira ou política, a questão do equilíbrio possivelmente será colocada em xeque, portanto, é necessário decidir o que é realmente importante na sua vida.
Assim como nas empresas, as crises na família e no casamento são inevitáveis. A diferença está no fato de que, nas empresas, crises aparentes podem ser superadas rapidamente mediante a adoção de medidas duras, impopulares e extremas. Ainda que isso possa custar o seu emprego, as relações empregatícias são bem definidas. Em tempos de crise, as empresas sobrevivem; a maioria dos empregados, não. É uma questão de prioridade.
Na família, considerando certa relação de dependência dos familiares, as crises podem durar meses, anos ou décadas até o momento em que “cai a ficha” e você não pode fazer mais nada. É quando você se dá conta de que o filho já está com dezoito anos, a filha vai se casar e o relacionamento familiar está deteriorado. Durante todo esse tempo você sabe muito mais da vida e da família do seu sócio e dos seus subordinados do que da sua, afinal, você respirou trabalho, o seu nome é trabalho, a sua vida nada mais é do que trabalho.
De fato, como ressalta o Professor Kanitz, você não encontra mais amor nas famílias. Você encontra preocupação, ódio, distanciamento, raiva, carinho, compreensão ou mesmo indiferença, mas amor, no sentido literal da palavra, muito pouco. Amor é um conceito difícil de ser praticado, pois exige renúncia, mudança de prioridade, tempo, dedicação, paciência, desprendimento consciente das coisas materiais e altruísmo. Você conhece alguma empresa que incentiva esse tipo de comportamento?
O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é a chave para o bem-estar do ser humano. Quando você prioriza ou desequilibra qualquer um dos lados, o outro sofre as consequências. O preço a ser pago para a conquista da fama e do dinheiro tende a ser alto demais, razão pela qual muitas pessoas que dizem que amam seus filhos, seus cônjuges e seus entes mais queridos, têm dificuldades de demonstrá-lo na prática.
Entregar-se ao trabalho desmedidamente sob pretexto de querer o bem da família ou de conseguir tudo o que ela precisa não se sustenta mais. Muito mais do que conforto, as famílias precisam de compartilhamento, diálogo, carinho e atenção, algo que exige tempo, geralmente canalizado para a obtenção cada vez maior de projeção, glória e bens materiais.
Se as empresas definem bem as suas prioridades, a visão, a missão e os objetivos estratégicos a serem alcançados, por que você não pode agir da mesma maneira? É uma questão de prioridade, escolha, decisão e propósito que depende exclusivamente de você. Por certo, é uma questão difícil que exige posicionamento claro a respeito do que você quer para o futuro, como membro de família e como profissional.
Nesse sentido, quero compartilhar algumas lições que aprendi ao longo do tempo e procuro praticar na minha vida pessoal e profissional. Naturalmente, em razão da pressão financeira a que somos submetidos com frequência, leva tempo para encontrar o equilíbrio entre universos distintos, mas complementares, indissociáveis e importantes para o desenvolvimento do ser humano.
Família ou Trabalho? De modo particular, sou mais pela família, afinal, para onde você corre quando o mundo desaba e as coisas não saem à sua maneira? Quando você prioriza a família, não precisa se preocupar com isso e ao optar pelo equilíbrio, em vez da ambição desmedida, é possível pensar e respirar tranquilamente em ambos os lados;
Pare de arranjar desculpas: o ser humano atual encontra desculpas para tudo. Dentro do possível, encontre tempo em vez de desculpas e não perca a oportunidade de almoçar em casa com a família. Almoçar com os amigos de trabalho é bom, porém as chances de fazê-lo são bem maiores do que com a família. De vez em quando, surpreenda a família, chegue mais cedo, leve-a para jantar fora, vá ao cinema, passe no supermercado e apanhe alguns petiscos, faça qualquer coisa para evitar que o diálogo e a alegria do convívio esfriem;
O prazer da sua companhia: não existe nada mais gratificante para a família do que o prazer da sua companhia. Acredite nisso mesmo que, vez por outra, você tenha que levar trabalho para casa e fazê-lo com o filho no colo. Por outro lado, não existe nada pior do que entregar os filhos para a televisão ou para a Internet onde os desconhecidos poderão usá-los com instrumento de manipulação, violência, consumo e erotização. Você é membro da família e não um robô a ser ligado somente no momento em que ela precisa.
Por fim, lembre-se: a menos que você a tenha constituído sob pressão ou por conveniência, a família é que você faz dela, um instrumento de valorização ou instrumento de manipulação da sua vontade. Talvez por isso, em 1930, Bertrand Russell, filósofo inglês, declarou que “o fracasso da família em prover satisfação e prazer é uma das principais causas de insatisfação do mundo moderno”.
Portanto, se esta for a sua opção, seja responsável e persiga o caminho da solidão em vez de sacrificar a felicidade de muitos em benefício exclusivamente pessoal. De acordo com John Dewey, filósofo e pedagogo norte-americano, “você é aquilo que mais valoriza na vida, você é aquilo pelo que está disposto a morrer.”
Pense nisso e seja feliz!
LEGÍTIMA DEFESA:
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A Vida nada mais é, do que, uma estranha convivência com o TUDO de hoje, que, amanhã pode ser o NADA.
Família, viver em função exclusiva para o bem, do bem, ser bom, é bom...
Isso é sim, fazer valer a PENA!
Vamos falar sobre família. É um assunto que remonta os nossos ancestrais, bastante antigo. Parece que quanto mais algo é vivenciado, mais necessário é, se fazer vivenciar.
Família, berço de um presente cheio de vitórias e realizações, construção sólida de um passado de exemplos, no qual é estruturado o futuro, que logo chega, para retornar as realizações da colheita.
Como estão as nossas famílias atuais? respostas para esta pergunta em comentários.
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